Em 2020 a Vale deu início às obras de descaracterização de diques e barragens do Sistema Pontal, composto pelos bairros Bela Vista, Nova Vista, Praia e Nossa Senhora das Oliveiras. De lá pra cá, os moradores da região vem convivendo com diversos impactos das obras de descomissionamento. A DeFato esteve no Bela Vista, na rua João Júlio de Oliveira Jota, onde entre as reclamações, os populares se queixam das demolições que vem acontecendo nas comunidades, – segundo eles – sem aviso prévio e por centímetros de distância de suas casas.
Nossos entrevistados também relataram outros diversos problemas como: o barulho, a poeira, tremores, uma rede de esgoto na área da Vale que leva mau cheiro em toda a região, além da dificuldade e a falta de transparência no diálogo da Vale com a comunidade.
A DeFato também conversou com um representante da Fundação Israel Pinheiro, que presta assessoria técnica independente aos moradores das áreas do Sistema Pontal. Também obtivemos um posicionamento da mineradora Vale a respeito do tema.
Confira o episódio completo
Fundação alega tentativa de intimidação após Vale registrar boletim de ocorrência
Em 10 de novembro, pouco depois da gravação do DeFato nos Bairros, a Fundação Israel Pinheiro (FIP) confirmou que a mineradora Vale registrou um boletim de ocorrência contra a instituição responsável pela Assessoria Técnica Independente (ATI) aos moradores da região. A razão do boletim de ocorrência teria sido uma possível invasão de propriedade privada por agentes da FIP.
Para a Fundação, o registro do boletim de ocorrência por parte da Vale é uma tentativa de intimidação aos trabalhos, mas a entidade vai seguir fazendo ‘‘o que for justo e necessário para os moradores’’. Ainda segundo a Fundação Israel Pinheiro, a entidade esteve presente próximo às áreas de demolição após ter sido acionada por um morador do bairro Bela Vista. O homem ligou para os agentes da FIP quando grandes máquinas da Vale começaram a demolição de uma casa vizinha, a poucos centímetros da sua residência, causando tremores, barulho, rachaduras e outros problemas. O rapaz inclusive, há tempos aguarda uma resolução a respeito do processo particular da negociação do terreno em que vive.
Os representantes da FIP foram até a residência, redigiram um laudo e fizeram registros fotográficos em uma área que não estava cercada. Outra questão apontada e registrada pela FIP, dá conta de que vândalos estão furtando itens nas residências esvaziadas. A situação foi categorizada como caótica, com agentes sendo solicitados a todo momento. Após colher as denúncias, a Fundação encaminhou os laudos ao Ministério Público.
‘‘Não vamos dizer amedrontar, mas [foi uma forma de] atrapalhar nosso trabalho, de tumultuar, de querer buscar coisas onde não existem. Mas a gente não vai se calar, e onde eles [moradores] solicitarem a nossa presença, nós vamos estar presentes. É o nosso papel, é o papel da assessoria técnica.’’