No sábado (15), o Brasil foi surpreendido por uma triste notícia: Jorge Aragão havia sido diagnosticado com um linfoma não Hodgkin. Escalado para encerrar o 49º Festival de Inverno de Itabira, no domingo (16), o músico precisou cancelar suas apresentações para dar início ao tratamento contra o câncer. Para substituí-lo, a Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA) recorreu a Dudu Nobre, que cumpria agenda em Belo Horizonte — que aceitou a missão de subir ao palco da Praça do Areão e fechar o último ato do principal evento artístico da cidade.
Antes da apresentação, em coletiva de imprensa, Dudu Nobre falou sobre a difícil missão de substituir um artista do quilate de Jorge Aragão — além de comentar sobre o estado de saúde do parceiro musical —, se declarou ao poeta itabirano Carlos Drummond de Andrade, defendeu o potencial turístico de Itabira e, claro, não deixou de analisar o samba, considerando-o como o ritmo mais característico do povo brasileiro.
“Para mim é um prazer enorme estar em Itabira. Estou triste pela situação do Jorge [Aragão], mas já conversei com ele, que está começando o tratamento e, com certeza, vai vencer mais essa porque ele é um grande guerreiro — e a gente que é parceiro de música sempre está junto, pois o Jorge é um grande mestre e um grande amigo. Em um primeiro momento foi um um abalo muito grande, mas vamos fazer um grande show, com muita empolgação, muito samba pra cima para a rapaziada e para celebrarmos esse momento tão importante aqui para Itabira”, pontuou Dudu Nobre, que entregou um dos shows mais marcantes desta edição do Festival de Inverno de Itabira.
Para quem desembarcou de última hora na cidade, Dudu Nobre sabia muito bem onde estava pisando — uma demonstração de respeito com o público que se reuniu em mais uma noite fria na Praça do Areão. O sambista se mostrou familiarizado com discussões atuais e importantes para Itabira, como a diversificação econômica em territórios mineradores, e não poupou elogios para Carlos Drummond de Andrade, o “maior poeta brasileiro”.
“Para mim, particularmente, é um prazer muito grande poder estar aqui, pois acho que Drummond foi o maior poeta brasileiro e estou tendo a oportunidade de estar em uma cidade que respira cultura e está respirando entretenimento. Então é um motivo de muita felicidade. Eu acho que Itabira e toda região tem um histórico da mineração e essa coisa toda, mas eu acho que o pós-minério de toda essa região com certeza vai ser o turismo — e Itabira, ainda mais por Carlos Drummond de Andrade, com certeza vai ser o centro do turismo em toda essa região”, avaliou Dudu Nobre.
Em um Festival de Inverno que começou “sambando”, com a apresentação de Alcione, e que foi encerrado seguindo a mesma toada do cavaquinho, pandeiro e tantã, Dudu Nobre não deixou de analisar a importância do samba, que, para ele, é o ritmo mais característico do Brasil. “Acho que mostra o quanto a gente se profissionalizou e o quanto o samba conseguiu alcançar um grande público dentro e fora do Brasil, pois vemos que neste momento temos dois dos grandes pilares fazendo turnê na Europa ao mesmo tempo, que é o Zeca Pagodinho e o Martinho da Vila; eu vou para a África no mês que vem e, depois, para os Estados Unidos e Canadá. Então, pra gente, é muito gratificante poder ver que o samba se impõe como um grande ritmo que é a característica do Brasil”, declarou.