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E vai começar a temporada de paraquedismo em Itabira

Itabira; votação

Foto: Agência Brasil

Esse ano promete um enredo de Alfred Hitchcock para a plateia brasileira. As eleições presidenciais projetam a maior dramaticidade da história. O suicídio de Getúlio Vargas foi outra coisa. A polarização ideológica tende a se acentuar. Mas, atenção. O termo “ideológico” é mera retórica para dissimular outras circunstâncias. Não há conceito filosófico nesse arranca-rabo.

  

Primeiro ponto. O PSL – partido do presidente Jair Bolsonaro – é liberal apenas na grafia. A agremiação é formada por um amontoado de pensamentos desencontrados. E, até mesmo por isso, o governo pouco entregou do prometido na campanha eleitoral de 2018. Paulo Guedes – o tal posto Ipiranga ou avalista do suposto liberalismo tupiniquim – se transformou num simples porteiro de zona boêmia institucional. 

Segunda faceta desse discurso. O socialismo petista, por sua vez, não se sustenta pragmaticamente. O PT se desencantou nos 14 anos de ocupação do poder. Os “companheiros” se chafurdaram na pocilga da elite econômica tapuia. Leia-se aí, chiqueirinho da Odebrecht e cia. Então, anote. A polarização é tudo, menos antagonismo de ideias. O que existe, na realidade, é um ajuntamento radical em torno de dois líderes populares: Jair Bolsonaro e Lula da Silva. E essa configuração eleitoral se descambará em renhida luta pelo Palácio do Planalto. Um vale tudo que pode acabar no mais baixo nível do inferno dantesco. 

Mas a encrenca toda não termina nesse ponto. A previsível baixaria ainda ecoará nos diversos níveis da federação. Aqui em Minas Gerais, a disputa pelo comando da Cidade Administrativa (ou Palácio da Liberdade) sempre se manteve nos limites da civilidade. Dessa feita será diferente. A campanha eleitoral tem tudo para mergulhar numa sarjeta. 

E, só para não perder a oportunidade, fica aqui uma observação prática: a tagarelice de Romeu Zema e Alexandre Kalil mais parece bate-boca entre comadres de lupanares, com todo o respeito às profissionais da área. Os dois adversários estão na iminência de botar as respectivas mães na roda. O governador, por sinal, já mexeu com o pai do ex-prefeito da capital. 

Mas Itabira, como normalmente acontece nessas ocasiões, vai tentar arrumar deputados nativos para representá-la na Assembleia Legislativa e Câmara dos Deputados. Mais uma vez. Já virou um círculo vicioso. E essa tentativa normalmente dá com os burros n’água. A realidade, porém, mostra que não é tão difícil alcançar esse objetivo. O município tem eleitorado de sobra para eleger uma dupla de parlamentares. Mas aí vem a já manjada pergunta que insiste não calar: então, por que no final das contas o resultado frustra os sonhos de verão dos candidatos da terra de Drummond? A resposta é óbvia e elementar: escassez de votos. 

E isso não é contradição diante de uma clara realidade? A cidade tem uma montoeira de votos. Isso é notório. Acontece que eleitorado itabirano sofre literal pulverização mental na hora de definir a sua escolha. No final das contas, um elevado percentual de votos é direcionado a paraquedistas bissextos. 

Um exemplo: o deputado federal André Janones – o “eminente” desconhecido pré-candidato a presidente da república- contou com a predileção de 857 eleitores dessas bandas, na sua improvável aventura de 2018. O neopolítico pegou carona com caminhoneiros e se elegeu com 178 660 votos. Um fenômeno da aberração política nacional.

Janones, provavelmente, nem compreende exatamente o significado de Itabira (onde é isso?). Ou sabe tanto quanto quem é o presidente da Argentina. Quando perguntado sobre essa banalidade – num programa da “GloboNews”- o deputado  disparou sem pestanejar: “o presidente da Argentina é o presidente da França, Emmanuel Macron”. Essa é a estatura intelectual dos paraquedistas que pipocam em Mato Dentro em tempos de sufrágio universal.

Fernando Silva é jornalista e escreve sobre política em DeFato Online.

O conteúdo expresso é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.

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