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Editorial contundente no Jornal da Band contra decisão solo de ministro

Foto: Arquivo/Pessoal

Na noite de quarta-feira,  24 de agosto,  no Jornal da Band, o âncora da emissora,  Eduardo Oinegue, não poupou críticas à ação da Polícia Federal (PF) ao realizar buscas e apreensão em residências de oito empresários próximos ao presidente Jair Messias  Bolsonaro.  No contundente editorial,  Oinegue, em nome do Grupo Bandeirantes, fez severas reprimendas à ação determinada por um único ministro,  taxando-o, dentre outros adjetivos,  de justiceiro ‘.

Os empresários estariam participando pelo WhatsApp de um grupo de mensagens com conotação política e supostamente golpista.

A PF ressaltou que “um grupo de empresários,  a pretexto de apoiar a reeleição do presidente Jair Messias Bolsonaro,  demonstra aderência voluntária ao mesmo modo de agir da associação especializada ora investigada no bojo do inquérito das milícias digitais,  suspeitas de atuarem contra os poderes da República e da democracia.”

No pedido ao STF a polícia utiliza reportagem do site Metrópoles que publicou as mensagens trocadas entre esses empresários em que eles estariam defendendo, de “forma ostensiva, a prática de atos para abolir o Estado de Direito,  caso o candidato à presidência,  Luiz Inácio Lula da Silva,  seja eleito  no próximo pleito eleitoral ao cargo de presidente  da República. “

São esses os empresários vítimas da ação policial:

Luciano Hang (Lojas Havan), José Isaac Peres (rede shopping Multiplan), Ivan Wrobel (Construtora W3), José Koury (Barra Shopping), André Tissot (Grupo Serra), Meyer Joseph Nirgri (Tecnisa), Marco Aurélio Raimundo (Mormai) e Áfrânio Barreira Filho (Grupo Coco Bambu).

Das suas residências foram retirados computadores,  documentos e celulares,  além da quebra de sigilo, bloqueio de suas contas e das suas redes sociais., somados ao interrogatório de cada. O fato aconteceu no dia 23 de agosto próximo passado. 

Leia na íntegra o editorial da Band: 

“O Brasil  ainda chocado com a ação da Polícia Federal na casa e no escritório de oito empresários.  Esperava-se que o ministro Alexandre de Moraes apresentasse justificativa para ter autorizado essa operação,  e de fato, acaba de ser retirado o sigilo das investigações,  isso no sétimo dia depois da ação policial,  mas o que apareceu não convence, e a pergunta continua; onde estão as provas? 

Porque, troca de mensagens, apenas opiniões sem ação,  ainda que sejam contra a democracia, ou mesmo em defesa de golpe, ideia que combatemos e abominamos, não configuram crimes e estão longe de fundamentar aquela operação policial. 

Vão crescendo os sinais de que estamos diante de mais um desatino do nosso judiciário,  como acontece desde a Lava Jato.

Sem provas claras e contundentes, o ministro desempenha, nesse episódio,  mais um papel de mandante fora da Lei e da Constituição,  do que de ministro que deveria zelar por essa mesma lei e por essa mesma constituição. 

Pelo respeito que temos à instituição Supremo Tribunal Federal,  queremos acreditar que ainda possam existir evidências convincentes,  mas a expectativa se reduz. 

O tempo passa e a cobrança vai ficando mais intensa e a indignação também!

Ou será que esse material não existe mesmo e o país vai ter que conviver com um ministro do Supremo que virou, de fato, mandante de operações ilegais, um ministro justiceiro. 

Essa é a opinião do Grupo Bandeirantes de comunicação!”

A Procuradoria  Geral da República (PGR), por meio da vice-procuradora, Lindora Araújo,  também criticou e notificou a Corte sobre a irregularidade da ação,  observando que a iniciativa passou por cima da PGR ao não informar ao Ministério Público Federal. 

“É absolutamente inviável que medidas cautelares restritivas de direitos fundamentais,  que não constituem um fim em si mesmas, sejam decretadas sem prévio pedido e mesmo sem oitava do Ministério Público  Federal. 

Não se verificam quais seriam os elementos já colhidos na investigação em curso que corroborariam  a necessidade das medidas constritivas adotadas, uma vez que, na decisão, menciona-se apenas reportagens veiculadas em site de notícias!”

Alírio de Oliveira é jornalista e escreve sobre política em DeFato Online.

O conteúdo expresso é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.

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