Apesar da inflação em 148% ao ano e o dólar paralelo com recordes frequentes, o ministro da Economia, Sergio Massa, saiu na frente do seu opositor no primeiro turno das eleições presidenciais realizadas no domingo (22). Com 98,54% das urnas apuradas, Massa conseguiu 36,68% dos votos frente ao adversário Javier Milei, com 29,98%.
Massa assumiu a economia da Argentina em julho de 2022, quando o governo do presidente Alberto Fernández se encontrava mergulhado em crise. A ministra que o antecedeu Massa, Silvina Batakis, ficou no cargo por menos de um mês e a vice-presidente, Cristina Kirchner, se encontrava envolvida com a Justiça. Com isso, governo argentino se encontrava dividido.
Conforme o jornal La Nación, em seu primeiro dia de trabalho, Massa desligou as telas com os indicadores econômicos de sua sala e transformou o seu gabinete em um território político. Ele também teria manifestado aos seus assessores na pasta a vontade de se candidatar à presidência da República.
Desde o princípio, a pauta econômica se tornou um dos principais temas da sua campanha eleitoral. Ainda segundo o La Nación, apesar do insucesso do governo, a aliança do peronismo de Massa com a ala sindical, além da garantia da manutenção da interferência do Estado na economia, responderam aos anseios dos eleitores.
Entre aposentados, pensionistas e beneficiários de programas sociais, 18,7 milhões de pessoas recebem dinheiro do Estado. O país tem cerca de 3,8 milhões de funcionários públicos, ante 6,2 milhões de empregados na iniciativa privada.
Massa aproveitou a máquina pública a seu favor, ofereceu descontos em impostos, elevou o piso para o pagamento do imposto de renda, congelou preços e adotou outras medidas consideradas eleitoreiras.
Além disso, Massa se aproveitou dos temores das privatizações e aumentos os preços dos transportes — medidas que também têm sido acenadas pelo seu concorrente nas eleições, Javier Milei.
Milei também defendeu a dolarização da economia, o fechamento do Banco Central e o enxugamento do Estado. A candidata Patrícia Bullrich, terceira colocada no pleito, com 23,83% dos votos, propunha um cenário intermediário, com a adoção da bimonetaridade.
O jornal Clarín ouviu analistas que apostam na estabilidade do país em curtíssimo prazo, com o peso argentino frente à moeda norte-americana assim que Massa vencer o pleito.
As reservas líquidas do Banco Central argentino estão negativas em cerca de US$ 7,5 bilhões e, ainda nesta semana, o país deverá honrar o pagamento de US$ 2.587 milhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
Especialistas acreditam que a herança Massa é muito pesada e caracterizada pela falta de dólares e de confiança. Ainda segundo o Diario Clarín, 60% do eleitorado que votou em Massa temem mudanças na economia, mesmo diante da crise econômica do país. Por isso, na hora de votar, essas pessoas optaram por propostas de equilíbrio fiscal, menos impostos e controles governamentais.
As alianças para o segundo turno estão abertas e em discurso, Bullrich negou apoio ao candidato governista, mas não confirmou apoio ao rival. A rodada final das eleições será no dia 19 de novembro.