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Em discurso de posse, ministro Jungmann critica ‘os que de dia clamam por segurança e à noite financiam o tráfico’

Raul Jungmann assumiu Ministério da Segurança Pública - Agência Brasil

Raul Jungmann assumiu nessa terça-feira, 27 de fevereiro, o recém-criado Ministério da Segurança Pública. Em seu discurso de posse, o responsável pela mais nova pasta do Governo Temer criticou as pessoas que consomem drogas e financiam o tráfico. Em fala voltada especialmente à classe média, Jungmann apontou como um paradoxo o fato dessa parte da população clamar pelo fim da violência e, ao mesmo tempo, contribuir com o enriquecimento dos traficantes.

“Pela frouxidão dos costumes, ausência de valores e de capacidade de entender o que é lícito e ilícito, passam a consumir drogas. Me impressiona no Rio de Janeiro, onde vejo as pessoas durante o dia clamarem pela segurança contra o crime – e estão corretas – e à noite financiarem esse crime pelo consumo de drogas. Não é possível. São pontas que muitas vezes se ligam e precisam de estratégias diversas para serem devidamente combatidas”, afirmou o ministro.

O ministro também comentou sobre a ausência de um piso de investimentos obrigatórios em segurança pública, como acontece na saúde e na educação. “Os três grandes centros de gastos que temos nos estados na área social são saúde, educação e segurança. Saúde e educação conquistaram pisos: 15% e 25%. Segurança não. Não estou aqui a defender uma revinculação de receitas. Estou apenas a mostrar que, na medida em que a crise fiscal que recebemos mergulhava a União e o estados, a segurança acompanhou sem piso algum”, disse.

Raul Jungmann defendeu a criação do Sistema Único de Segurança Pública (Susp) e de uma autoridade sul-americana para tratar do tema, por causa da atuação do crime organizado para além das divisas dos estados e das fronteiras do país. O ministro apontou, ainda, o que considera os principais problemas na segurança no Brasil: os 61 mil assassinatos por ano e o baixo número de solução desses casos, o déficit crescente de vagas no sistema penitenciário e o fato de líderes criminosos continuarem a comandar seus bandos mesmo presos. “Prendemos muito, mas prendemos mal”, definiu.

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