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Em discurso na Câmara, Marco Lage anuncia que irá criar Fundo Soberano em Itabira; saiba mais

Marco Antônio Lage

Marco Antônio Lage, prefeito de Itabira, durante uso da tribuna da Câmara de Itabira. Foto: Guilherme Guerra/DeFato

Em um gesto simbólico de união entre Executivo e Legislativo, o prefeito Marco Antônio Lage (PSB) esteve presente e realizou um discurso durante a primeira reunião ordinária da Câmara Municipal de Itabira em 2025, realizada nesta terça-feira (4). Na ocasião, Marco Lage voltou a falar do seu interesse em criar um Fundo Soberano – uma espécie de “poupança financeira” do município para as gerações futuras.

A intenção do projeto (que pode chegar à Câmara em até quatro meses) é que a reserva de investimentos seja utilizada futuramente em alternativas para a diversificação e desenvolvimento econômico – ou em eventuais situações de desastres ambientais. A proposta pretende destinar um percentual da Compensação Financeira por Exploração de Recursos Minerais (CFEM), de forma anual, buscando garantir a aplicação no período pós mineração.

“Para cada R$1 que Itabira colocar, [a intenção é] que a Vale coloque R$2 ou R$3 nessa poupança, que só pode ser mexida pelos próximos prefeitos em uma catástrofe, que não seja de responsabilidade da mineração, ou para garantir o sustento e a sobrevivência dessa cidade para as próximas gerações”, disse Marco Lage durante seu discurso. Logo após, em entrevista, o prefeito informou que na próxima semana estará em Brasília se reunindo com representantes do Ministério da Economia, do BNDES e do Banco Central para definir regras e discutir “a transparência do Fundo Soberano, para que a aplicação dos recursos garanta os melhores rendimentos para o município”

Em dezembro de 2023, o prefeito de Itabira já havia assinado um protocolo de intenções para que a cidade pudesse integrar o Fórum de Fundos Soberanos Brasileiros (FFSB). Em agosto do ano passado, Marco Lage também participou de um seminário sobre o tema, no Rio de Janeiro. Na entrevista concedida à DeFato, ele lembrou que o movimento dos fundos soberanos tem forte adesão em países estrangeiros, como a Noruega, e tem se intensificado no Brasil – especialmente em cidades petrolíferas. 

“O que a gente pretende, daqui a 20 anos em Itabira, é que a gente possa ter um fundo cuja receita cubra, pelo menos, o valor da CFEM hoje, que gira em torno de R$250, R$280 milhões ao ano. Se a gente consegue um fundo, que cubra pelo menos a CFEM, com outras oportunidades de diversificação econômica, nós não podemos ficar parados. Acho que Itabira vai ter uma segurança no futuro para sobreviver bem e não ter tanto trauma com o fim da mineração, como aconteceu com outras cidades”, disse.

“Embora [o Fundo Soberano] seja mais adequado a municípios que estão começando na exploração mineral e petrolífera, em Itabira ainda temos 15 ou 20 anos pela frente (…) A cidade precisa ter uma reserva para poder suprir uma queda abrupta de sua receita e a população não sofrer com isso”, afirmou Marco Antônio Lage. Foto: Guilherme Guerra/DeFato.

Fundos Soberanos Subnacionais

Os Fundos Soberanos Subnacionais são fundos de investimentos, administrados por municípios ou estados, que têm como fonte parte das receitas provenientes de royalties e participações especiais arrecadados sobre a produção de petróleo e pela Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), pagos aos governos pelas empresas produtoras.

Essa compensação financeira, estabelecida por lei, é um recurso de caráter temporário. Na prática, o fundo subnacional funciona como uma poupança pública para garantir a implementação de políticas que visam estimular o desenvolvimento local, favorecendo a diversificação e sustentabilidade econômica da região a longo prazo, uma vez que os retornos financeiros oriundos da exploração dessas riquezas naturais são finitos.

Em 2021, os representantes dos Fundos Subnacionais criaram o Fórum Brasileiro de Fundos Soberanos, sediado na Universidade Federal Fluminense (UFF) com apoio de pesquisadores e acadêmicos da Universidade e do Jain Family Institute (JFI). O Fórum é um canal de troca de conhecimento, experiências e desafios entre especialistas, gestores dos fundos e acadêmicos, tendo como objetivo promover boas práticas e princípios na administração de recursos financeiros levando em conta o desenvolvimento local sustentável. 

Atualmente o Fórum de Fundos Soberanos Brasileiros engloba as cidades de Niterói e Maricá, no Rio de Janeiro; Ilhabela (SP) e o Estado do Espírito Santo. Além de Itabira, as cidades mineiras de Conceição do Mato Dentro e Congonhas também estudam a criação de seus fundos soberanos.

Objetivos em comum

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