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Em Itabira, economista Rita Mundim debate cenário econômico brasileiro e a dependência da mineração 

Foto: Guilherme Guerra/DeFato

Na noite de quinta-feira (22), Rita Mundim, economista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e especialista em Mercado de Capitais, participou do 5º Café com Empresários, promovido pelo Sicoob Credivale em Itabira. O evento aconteceu no Auditório da Funcesi e contou com a presença de estudantes e empresários itabiranos, que acompanharam um “balanço econômico” do Brasil e da economia em 2023. 

Em entrevista à DeFato, Rita Mundim também compartilhou suas visões acerca da economia de Itabira, sua dependência à mineração, além de possíveis alternativas e entraves para o desenvolvimento econômico. Rita é mestre em Administração pela Faculdade De Assuntos Administrativos (FEAD), é comentarista de Economia na Rádio Itatiaia e também escreve para as revistas Perfil e Sindloc. 

Apesar dos pesares, 2023 foi um bom ano

Durante o bate papo, a economista comentou sobre o primeiro ano do terceiro mandato do presidente Lula (PT) no campo da economia, além das suas projeções para 2024. Em sua avaliação, apesar da alta global da taxa de juros que causou grandes reflexos e o recorde de pedidos de recuperação judicial no país, o ano passado conseguiu ser positivo, mas com grandes desafios para o período vigente. Segundo Rita, este será um ano eleitoral em que a nível global, existe um “cenário desesperador” com duas guerras simultâneas: Ucrânia x Rússia e Israel x Hamas. 

“É um cenário desafiador, apesar do Brasil ter feito o papel dele. Graças ao agronegócio e ao setor de serviços, o Brasil se deu bem em 2023, comparado ao resto do mundo. Nós conseguimos debelar a inflação e iniciar um processo de corte de juros antes dos países desenvolvidos, onde passamos por um 2023 de muito crescimento. A gente teve também uma queda muito forte no desemprego, o que é muito bom. No quadro geral, para o mundo, o Brasil “está muito bonito na foto”, mas a gente não pode perder esse protagonismo que foi nos dado, primeiro pelo agronegócio, com uma safra excepcional no primeiro trimestre do ano passado – que não deve se repetir neste primeiro trimestre – e também pelo setor de serviços. A grata surpresa no final do ano foi a indústria, que começou a ter um processo de recuperação”, disse. 

Foto: Guilherme Guerra/DeFato

Caso de terapia

Questionada sobre a dependência de Itabira frente à mineração e a dificuldade do município em encontrar soluções para sua diversificação econômica, Rita brincou: “Toda vez que a gente tem codependência, a gente tem que ir para terapia, porque é um negócio muito sério. Eu acho que vocês estão passando por um processo terapêutico na economia”. 

Em sua visão, a cidade já iniciou as suas reflexões sobre o tema e tem buscando encontrar “inovações inteligentes e sustentáveis”. Apesar da busca por estas alternativas e as tentativas de fortalecimento de setores – como a agroindústria, cultura, turismo e educação -, a economista frisou que existe um entrave gigantesco para a economia da região: a BR-381. Sem poupar adjetivos, ela classificou o tema como: “um absurdo o que fazem com a economia mineira ao não resolver esse problema de logística”

“Quando a gente fala de logística, a gente está falando da logística em prol da economia, mas essencialmente em prol das pessoas, porque a gente levanta todo dia para trabalhar, para produzir, para melhorar a qualidade de vida. O que nos dá dignidade e acesso ao mercado é o trabalho (…) Com uma BR-381 duplicada ou com investimento em ferrovias e soluções logísticas, Itabira poderia ter um futuro grandioso. Pela posição de Itabira, pela tradição da cidade e pelo empresariado, eu acho que é possível sim dar um salto e transformar agregando valor à própria cadeia do minério, produzindo para outros tipos de indústria. Mas tem que ter criatividade e vontade para largar essa co-dependência e parar de olhar para trás”.

Foto: Guilherme Guerra/DeFato

Cooperativismo

Seguindo os temas, ao longo da entrevista e durante a palestra, Rita também afirmou que o associativismo é o “modelo econômico do presente, para se ter um futuro”, onde todas as partes se fortalecem.  Quem corroborou com a declaração foi Nilo do Carmo Cruz, presidente do Conselho de Administração do Sicoob Credivale. “Eu concordo em gênero, número e grau com a posição dela, porque a gente constrói o futuro no presente. Então, por tudo que o cooperativismo significa, os princípios, os valores, a participação e o acesso, eu não vejo outro modelo mais justo como o caminho para um futuro melhor para o nosso país”.

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