Ganho quase zero, endividamento e funcionários demitidos são os principais relatos que vêm dos comerciantes de Itabira, com as portas fechadas há 27 dias na atual e mais severa onda de Covid-19 que atingiu a cidade. O setor implora pela reabertura e pede socorro à Prefeitura. No entendimento de pequenos e médios empresários, o varejo passou a ser visto como o vilão da pandemia, embora o protagonismo das filas de banco, dos supermercados lotados e das aglomerações clandestinas siga em cena.
Nesta segunda-feira (5), após uma carreata em protesto que pediu a reabertura das lojas, comerciantes participaram de uma reunião virtual com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Maurício Martins, que amenizou o tom depois de uma polêmica carta de repúdio. Cerca de 30 varejistas estiveram presentes. Foram alinhadas oito propostas para envio ao governo municipal e a formação de um grupo que representará o setor na reunião do Comitê Intersetorial de Enfrentamento à Covid-19, que envolve o Poder Executivo e tem agenda prevista para a manhã desta quarta-feira (7).
Estão entre as propostas costuradas o pedido por abertura do diálogo com a CDL; o rodízio de funcionamento das lojas – alternando estabelecimentos ora de número par, ora de número ímpar -; a flexibilização para receber o pagamento de crediário e para a retirada de mercadorias adquiridas por telefone ou pela Internet em balcão; e a anistia de multas aplicadas pela Fiscalização de Posturas.
A categoria pede também que a Prefeitura abra o Fundo de Desenvolvimento Econômico e Social de Itabira (Fundesi), criado na década de 1990, e libere recursos para o setor. Causa insatisfação a ausência de iniciativas em Itabira como a que anunciou a Prefeitura de São Gonçalo do Rio Abaixo: o pagamento de auxílio aos pequenos empreendedores, com valores entre R$ 600 e R$ 1.500.
Outras ações envolvem a transparência quanto ao que foi feito para frear o avanço da pandemia nos hospitais e na rede de atendimento médico, a abertura de mais leitos de UTI e o planejamento para caso a onda roxa do Minas Consciente vá além do dia 11 de abril, data da última prorrogação.
A reunião foi acompanhada pelo vereador e presidente da 52ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Itabira), Bernardo Rosa (Avante). Bernardo representa a Câmara de Vereadores no Comitê Intersetorial, junto de Júlio “do Combem” (PP) e Carlos Henrique (PDT).
O encontro definiu, ainda, cinco empresários para participarem da reunião do Comitê Intersetorial. Eles representam lojas de roupas e brinquedos, loteria, imobiliárias e outros departamentos. “Esperamos por notícias importantes na quarta-feira. A mais importante para nós é a de reabertura do comércio”, disse Maurício Martins, otimista.
Onda roxa
Desde 8 de março, Itabira fez adesão voluntária à onda roxa do plano Minas Consciente, que prevê fechamento do comércio não essencial e toque de recolher entre 20h e 5h. Outras 17 cidades da região também concordaram em seguir os protocolos. A partir de 17 de março, o governador Romeu Zema (Novo) determinou a extensão da onda roxa aos 853 municípios mineiros, com previsão de valer, inicialmente, até 31 de março. Todavia, os efeitos foram prorrogados até 4 de abril e, posteriormente, até 11 de abril.