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Em meio a maioria masculina, itabiranas disputam campeonato de Fut 7

À direita, Yasmin Cristiane, e à esquerda Maria Cecília.

As jogadoras itabiranas Yasmin Cristiane, de 11 anos, e Maria Cecília, de 12, passarão por uma experiência diferente entre os dias 3 e 7 de setembro. Representando a escolinha Arfita/Futsalvic, elas disputarão a PQCUP, em Ribeirão das Neves, torneio que será disputado predominantemente por homens.

A dupla competirá pela categoria sub-12 e tem viagem marcada para Ribeirão das Neves no próximo sábado. Elas atuarão em um campo society, na modalidade Fut 7.

Segundo envolvidos no torneio, cerca de 95% dos atletas da competição são do sexo masculino, com Yasmin e Maria Cecília entre os 5% restantes. Há pouco mais de um mês, uma matéria da DeFato contou a história de uma garota que precisou entrar na justiça para disputar um campeonato de futebol no Colégio Santa Rita de Cássia, no Barreiro, em Belo Horizonte. Porém, esta realidade tem sido confrontada nos últimos anos.

Yasmin e Ciça com o treinador Victor Caldeira.

Mudança de cenário

Treinador das garotas, Victor Caldeira ressalta que sua escolinha, a Futsalvic, acredita que as mulheres podem estar “em todos os lugares que quiserem”. Segundo ele, o crescimento recente da seleção feminina ajuda a transformar este contexto.

“Acredito muito no futebol feminino. Com os ótimos resultados da nossa seleção e a visibilidade aumentando, acredito que desperta mais interesse nas crianças e consequentemente nos grandes investidores do esporte. Só assim para realmente terem o mesmo status do masculino”, analisa o treinador.

Sobre o fato da grande maioria dos atletas serem homens, ele define como algo “cultural”, mas que aos poucos está mudando. “Vejo que é cultural, mas ter abertura para a participação das meninas já é um avanço. Porém, acredito muito que não vai demorar para terem campeonatos dessa magnitude somente para elas”, diz.

Confiança

Segundo Victor Caldeira, esta será a primeira experiência de Yasmin e “Ciça” fora de Itabira. Ele fala sobre a ansiedade da dupla diante da iminência de disputar a PQCUP.

“A Ciça e a Yasmin são muito novas e terão a sua primeira experiência jogando fora de Itabira. Dá para ver o quanto estão ansiosas e muito empolgadas, sabemos que precisamos passar por isso para que tenham realmente uma boa evolução no esporte”.

“Acredito muito na exposição do futebol de ambas, pois no dia-a-dia elas têm um ótimo desempenho. Se conseguirem administrar o nervosismo, terão ainda mais admiradores.”

A passagem por Ribeirão das Neves será, acima de tudo, uma chance das itabiranas serem observadas por profissionais de Cruzeiro, Atlético e América. O treinador dá mais detalhes.

“Tendo um bom desempenho, elas terão grande visibilidade perante a pessoas influentes no meio do esporte, pois já estão confirmados observadores técnicos do Cruzeiro, Atlético e América. Consequentemente, poderão chegar mais perto do sonho de compor uma equipe renomada no futebol”, completa Victor.

Palavras das jogadoras

À DeFato, Yasmin Cristiane diz esperar fazer um bom jogo com seus amigos. Ela também comenta sobre o fato de jogar em meio à maioria masculina, algo que, ressalta, já virou natural.

“Para mim é normal sim, pois desde quando comecei a jogar, com os meus sete anos, já me deparei com um time totalmente masculino e com poucas meninas. Mas isso não me fez desistir do meu foco e do que gosto de fazer, que é jogar bola”, diz a atleta.

Porém, embora seja algo comum, não é tão simples de ser enfrentado. A própria jogadora fala sobre os empecilhos encontrados neste cenário. “É uma caminhada cheia de desafios e preconceitos, mas hoje entendo que nós, meninas e mulheres, podemos estar onde quiser. Só precisa ter foco e determinação, porque lugar de mulher é onde ela quiser”, completa Yasmin.

Jogadoras com seus colegas de time em uma partida com a camisa do América de Ribeirão das Neves

Sua colega de equipe, Maria Cecília, também ignora os preconceitos. A jogadora enfatiza, ainda, que é tem tanto talento quanto outros meninos que se arriscam com a bola. “Encaro isso tranquilamente. Para mim é até um privilégio, porque eu, como menina, jogo bem mais que muitos meninos. E é isso, para querermos um sonho a gente tem que encarar, sendo menina ou menino”, pontua.

Ciça, como também é conhecida, ainda fala sobre a expectativa para o torneio. “Minha expectativa está a mil, estou muito ansiosa para que o jogo chegue logo. Vou dar o meu melhor para me sair bem, treinei muito para esse campeonato e espero que dê tudo certo”, finaliza.

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