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Em sessão plenária, vereadora de Arcoverde diz que mulher foi “castigada por Deus” por ter filho com deficiência

Em sessão plenária, vereadora de Arcoverde diz que mulher foi "castigada por Deus" por ter filho com deficiência

Vereadora Zirleide Monteiro - Foto: Reprodução

A vereadora Zirleide Monteiro (PTB), da cidade de Arcoverde, em Pernambuco, afirmou na segunda-feira (30), que uma mulher foi “castigada por Deus” por ter um filho com deficiência. Sua declaração ganhou repercussão nacional.

“Não preciso citar o nome da cidadã, que o castigo de Deus ele dá aqui em vida. Quando ela veio com um filho deficiente, é porque ela já tinha alguma conta a pagar com aquele lá de cima. Ela já veio para sofrer. Qualquer ensinamento que a gente passa nessa vida serve com ensinamento para qualquer um, para que a gente não destrate outras pessoas com a chacota que ela fez durante o fim de semana. Quem faz aqui paga aqui mesmo”, afirmou Zirleide Monteiro.

A fala da vereadora se deu porque a mulher em questão teria compartilhado imagens de uma queda sofrida pela própria parlamentar em plenário e feito “chacota” do acidente.

A mulher citada pela vereadora, que não foi identificada, é mãe de um jovem de 18 anos de idade com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Indignado com a fala de Zirleide Monteiro, o presidente da Câmara, Weverton Siqueira (Podemos), manifestou seu repúdio. “Eu quero lhe fazer um pedido, em forma de respeito com todas as mães que têm um filho deficiente. Acho que a senhora foi muito infeliz em suas palavras ao dizer que o filho de uma mãe veio deficiente porque é um castigo de uma pessoa ser boa ou ruim. Eu acredito que a senhora foi muito infeliz, eu quero pedir desculpa, em nome da vereadora Zirleide, como presidente, a todas as mães que têm um filho deficiente aqui em ArcoVerde, em Pernambuco e em todo o Brasil”, declarou.

Em seguida, a vereadora Zirleide, afirmou: “infelizmente, às outras mães eu deixo aqui o meu perdão. Só eu sei o que foi dito por essa pessoa durante esse fim de semana”.

Diante do fato, o Instituto Brasileiro de Defesa dos Direitos das Pessoas com Autismo (IBDTEA), através da sua diretoria, composta pelos advogados Mirella Lacerda, Franklin Peçanha e Robson Menezes , integrantes da Liga dos Advogados que Defendem Autistas (LIGATEA), estão oficiando o presidente da Câmara de Arcoverde, visando abertura de um processo disciplinar contra a vereadora, propondo a cassação do seu mandato.

A Associação das Pessooas com Deficiência de Salgueiro e Sertão Central divulgou nota repudiando a “fala infeliz da senhora vereadora Zirleide Monteiro da Cidade de ArcoVerde”. A entidade disse que espera que a vereadora venha a se retratar, “porque nosso segmento merece respeito. Nós não podemos passar por esse tipo de constrangimento em pleno século XXI”.

A vereadora emitiu uma nota a respeito após a repercussão negativa do caso:

“Antes de tudo quero pedir perdão, desculpas, particularmente às pessoas com deficiências e seus pais, pela infelicidade dita durante a última sessão da casa legislativa. Nunca, em nenhum momento de nossa vida, fui capaz de ser ofensiva com as pessoas que ultrapassassem o âmbito de sua atuação administrativa, pois sempre nos pautamos pelo respeito e a luta em defesa das pessoas com deficiências, assim como fizemos em defesa dos portadores com o transtorno do espectro autista (TEA), sendo pioneiras ao lado de pais e mães.

Lamentavelmente, movida por agressões, mentiras e ofensas desferiadas à minha pessoa, motivadas por questões políticas e uma política de baixo nível, incorremos no erro de sermos ofensiva às pessoas com deficiência, quando deveríamos ter procurado os meios legais de nos defender.

Não quero justificar essas agressões fortuitas de terceiros pelas palavras indevidas por mim proferidas, apenas para situar que sim, faltou-me tranquilidade e serenidade para agir e falar. Mas repito, o respeito. a preocupação e a nossa luta em defesa das pessoas com deficiências são inerentes à minha pessoa e ao mandato que exerço.

Sabemos que para construir uma sociedade inclusiva, é necessário o cuidado com as palavras para se referir ao outro. Errei e tenho a humildade de reconhecer e pedir perdão a Deus e a todos.

Sabemos que os impedimentos clínicos que estão nas pessoas e as barreiras ao seu redor são fatores que resultam nas deficiências que atingem tantos brasileiros e, em minha própria família, temos pessoas com limitações, a quem temos todo o carinho e amor do mundo, certas das bênçãos que representam em nossas vidas. O mesmo carinho que tenho pelas pessoas com deficiências em nosso município, estado ou país, como comprovam nossas ações e atos no parlamento municipal, que está e continuará aberto a essas lutas.

Volto a pedir perdão, a cada um e a defender a luta em favor das pessoas com deficiência, evitando-se barreiras ou mimitações que prejudiquem ou dificultem sua inclusão na sociedade. Temos a clareza de reconhecer os erros, redirecionar nossos pensamentos e caminhar lado a lado com a verdade, com o respeito e o trabalho”.

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