A ser iniciado, oficialmente, nesta quinta-feira (3), o II Flitabira reunirá em terras itabiranas grandes nomes da cultura. A começar pelo idealizador e organizador do projeto, Afonso Borges, com larga experência no meio. Além dele, também participarão das atividades figuras como o ator Thiago Lacerda, o escritor Mia Couto – único escritor da língua portuguesa a receber o Prémio Neustadt, ao lado de João Cabral de Melo Neto – e o biógrafo Tom Farias, responsável por contar a história de Carolina Maria de Jesus, uma das mais importantes escritoras do país.
À frentre do festival, Afonso Borges é jornalista, gestor cultural e escritor. Também é dele o “Sempre um Papo”, projeto literário criado em 1986 e reconhecido nacionalmente. Em conversa com a DeFato, o curador falou sobre as expectativas para a segunda edição do Flitabira, que neste ano homenageará os 120 anos de Carlos Drummond de Andrade. Para ele, esta será uma oportunidade do povo itabirano se valorizar do ponto de vista cultural.
“A minha expectativa é que o povo de itabira reconheça no festival uma forma de valorizá-lo. Um festival como esse, se não for tomado pelo povo de Itabira, se não tiver um pertencimento, não tem muito sentido fazer. Por isso contratei dois curadores itabiranos (Sandra Duarte e Rafael de Sá) que estão fazendo 25 debates só com o pessoal de Itabira. Por isso fiz a exposição muros invisíveis, com 42 afroempreendedores da cidade sendo exibidos em fotos imensas. Um festival como esse só tem sentido se a comunidade entender que este festival é deles e para eles”, detalha.
Um ponto importante ressaltado por Afonso Alves é a parceria do Flitabira com o SESC-SP. Segundo o também jornalista, o trabalho conjunto dará ainda mais visibilidade ao festival, cuja programação se estende até o próximo domingo (6).
“Com relação ao Brasil, fiz essa ponte do Flitabira com o SESC-SP para as pessoas entenderem que aqui em Itabira se produz cultura de qualidade. Que é possível universalizar a obra de Drummond sobre cidade da qual ele falou durante toda a vida. A maior instituição de cultura do Brasil é o SESC-SP, eles não fazem parceria com quem não consideram extremamente importante. Eles tornam o que fazemos aqui nacional”, acrescenta Afonso.
Novidades
Questionado sobre o que a segunda edição do Flitabira trará de diferente em relação ao ano passado, Afonso Borges cita algo que causa impacto imediato: a celebração da obra de Drummond. Mas ele não para por aí.
“Os 120 anos de Drummond deram uma coloração completamente diferente do ano passado. Fizemos correções na montagem da estrutura, fizemos esse corpo de atrações do festival on-line, dividindo conteúdo com o SESC-SP. Em segundo lugar, essa ponte entre o digital e o presencial muito bem articulada. Algumas coisas sendo transmitidas on-line, outras pré-gravadas. Homenageando Ricardo Aleixo, um dos poetas mais importantes desse país. Na semana passada ele recebeu, aos 60 anos, um honoris causa da UFMG. Só grandes pessoas, como José Saramago, receberam essa distinção. Depois a homenagem ao poeta mineiro Pedro Muriel, onde dezenas de artistas e escritores fizeram vídeos gravando, de Mia Couto a Thiago Lacerda. O lado presencial também bastante representado, estou ao lado de Tom Farias, biógrafo de Carolina Maria de Jesus, que mudou o perfil da biografia brasileira nos últimos anos”, completa o curador.
Programação
As atividades com público do Flitabira foram iniciadas nesta terça-feira (1º), com , duas sessões de bate-papo com Pierre Ruprecht e duas com o escritor e ilustrador belo-horizontino Nelson Cruz.
Nesta quinta-feira (3) será realizada a abertura oficial. A partir das 8h, haverá programação presencial na Praça do Centenário, local de realização do evento. As atividades de amanhã serão concluídas às 22h, com a apresentação do projeto itabirano da Kombi Itinerante.