Se por um lado a estiagem causa falta de água, por outro, o excesso de chuvas afeta o abastecimento. Neste domingo (22), por exemplo, o abastecimento na região do bairro Chapada, em Itabira, foi prejudicado devido a problemas na captação de água na Estação de Tratamento de Água (ETA).
Após fortes chuvas, as águas dos mananciais chegaram turvas à ETA, devido ao carregamento dos sedimentos das margens pela enxurrada. Quando isso acontece, de imediato, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) inicia manobras para evitar o desabastecimento na região afetada.
Para assegurar que a população receba a água tratada dentro dos padrões de qualidade exigidos por lei, o procedimento recomendado diante desse cenário é reduzir a vazão de água que entra nas estações ou suspender o processo de captação temporariamente.
Em Itabira, assim como em todo o Sudeste, o período mais chuvoso do ano vai de novembro a janeiro. Na primeira quinzena deste mês, Itabira teve média de 1.439 mm de chuva. Os dados são do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
Além da alteração da qualidade da água dos rios, que inviabiliza os processos de tratamento, o grande volume de chuvas contribui para quedas de energia e equipamentos danificados, resultando em paralisações emergenciais no sistema de abastecimento. O transtorno causado pela falta de energia é sentido principalmente nos distritos de Senhora do Carmo e Ipoema.
Ainda em janeiro, o Saae registrou outras situações em decorrência do excesso de chuvas: problemas na captação da água na ETA Pureza, rompimento de abastecimento nos bairros Barro Branco e Boa Esperança; rompimento do poço do Areão.
O diretor técnico-operacional do Saae Itabira, Júlio Ismael de Assis Saldanha, explica que os sistemas de abastecimento não são mensurados para suportar as situações decorrentes dos excessos da estação chuvosa. No entanto, a autarquia se desdobra para manter o abastecimento para os itabiranos nessa época do ano.
Durante o período de chuvas intensas, cresce também os casos de transbordamento de esgoto. Embora não estejam visíveis nas ruas, a rede de drenagem pluvial e a rede de esgoto têm papel fundamental na manutenção da infraestrutura de uma cidade. Identificar a diferença é fundamental para garantir a boa utilização de ambas.
“Nesta época de chuvas intensas, os transbordamentos se agravam devido à existência de redes pluviais conectadas de maneira irregular no sistema de esgoto. Quando a água da chuva também passa pela rede de esgoto, o sistema fica sobrecarregado, uma vez que não foi criado para essa finalidade. É necessário que todas as residências tenham os dois sistemas separados”, comentou Júlio Ismael Saldanha.