Neste sábado (2), os integrantes do Coletivo Viravoltear realizam o projeto Entrevias Poéticas pelas ruas do centro histórico de Itabira. E o motivo é dos mais especiais: receber um grupo de alunos e educadores do ensino médio do Colégio Cognitivo, de Recife. Os pernambucanos chegam em terras mineiras, por meio da Atol Turismo, para conhecer um pouco mais sobre a vida e a obra de Carlos Drummond de Andrade. A visitação aos Caminhos Drummondiano começa no Largo do Batistinha e finaliza, por volta das 11h30, no Paredão da Tiradentes.
O Museu de Território Caminhos Drummondianos é formado por 44 placas com poemas do escritor itabirano, espalhadas em locais com ligação direta ao tema ou à inspiração das poesias. Ele é um dos cinco desse tipo que existem no mundo e o único voltado para a literatura. Essa exclusividade atrai turistas do Brasil inteiro, como os visitantes recifenses.
“O itabirano, muitas vezes, conhece pouco sobre a importância da obra drummondiana e sobre a existência dos caminhos. Há muita potência, força e pertencimento do que é nosso, da nossa cidade e dessa figura ícone que foi Drummond. O ‘Entrevias Poéticas’ já foi encenado para grupos de Manaus, São Paulo, Campinas, Goiás e, agora, Recife. Há uma procura grande por estudiosos, curiosos e interessados, que saem daqui maravilhados com essa vivência”, explica Walli Gomes, um dos diretores artísticos do Coletivo Viravoltear.
Sobre o projeto
O Entrevias Poéticas é um espetáculo-aula que tem como palco dez dos 44 pontos dos Caminhos Drummondianos. Usando uma metodologia teatral, o Coletivo Viravoltear guia o público pelo museu de território. “Para construir o roteiro, me baseei em uma disciplina do ensino e do aprendizado do teatro chamada Drama, mas não como gênero, e sim enquanto ação. Nela, se pensa a experiência cênica usando de pretextos para roteirizar as ações e para que a experiência possa acontecer. Quando descobrimos o passeio guiado dos caminhos, vi logo como um pretexto incrível para se contar para além da poesia”, explica Walli Gomes.
O diretor e ator do Coletivo Viravoltear ainda destaca que durante as duas horas em que o Entrevias Poéticas acontece, os visitantes podem conhecer locais que inspiram Drummond a escrever aqueles textos e como esses poemas se relacionam com os espaços, a cidade, os acontecimentos e as personalidades que ali estão colocadas. “Eu propus essa construção pensando no público inserido na ação. A gente cria um pretexto ficcional e, sem que as pessoas percebam, acabam experienciando a cena junto com os personagens”, detalha.
Ao longo do percurso, os atores do grupo dão vida a personagens que contam, de forma lúdica, o que há por trás da poesia. Eles são levados aos lugares descritos naqueles textos, caminhando pelas ruas, sentindo os cheiros, visualizando o que Carlos Drummond de Andrade descreveu com suas palavras. Para Walli Gomes, essa é uma importante ferramenta de aprendizado. “O ‘Entrevias Poéticas’ passa a ser importante nesse âmbito educacional pois as pessoas absorvem mais desse conteúdo riquíssimo que é a obra drummondiana. A experiência passa a ser real para esses visitantes, ao mesmo tempo em que a gente propõe essa imersão”, conclui.