Pouco mais de um mês após dar à luz à pequena Ana Letícia, a monlevadense Norma Maria de Oliveira agora comemora o seu primeiro Dia das Mães. Aos 64 anos, depois de vencer uma gravidez de risco, ela enfrenta todos os desafios das mamães de primeira viagem. Troca fraldas, amamenta, acorda de madrugada (ou nem dorme), tenta decifrar os recados da filha em meio aos berreiros tradicionais. Está exausta. Mas feliz como nunca.
Ser mãe sempre foi a principal meta de vida da procuradora da Prefeitura de Itabira. Alguns fatores durante a vida, no entanto, impediram a advogada de ter um filho antes. Com as coisas mais tranquilas, no ano passado recorreu ao método da fertilização in vitro. Os óvulos foram doados de forma anônima e o espermatozoide pelo companheiro dela. Por causa da idade, teve o acompanhamento de uma especialista em gravidez de risco.
A fertilização deu certo de primeira e Ana Letícia nasceu no dia 10 e abril, em Belo Horizonte, com 33 semanas e quatro dias de gestação, 1,7 quilogramas e 48 centímetros. Um pacotinho de amor, que fez do sonho de Norma uma realidade e mudou para sempre a vida dela e do marido.
“É uma luta, né. Tem que trocar fralda, dar mamadeira, dar de mamar. Se deixar, ela quer mamar o dia inteiro. Eu alterno entre o peito e a mamadeira, porque senão não dou conta. Ela é bem faminta, e à noite adora uma serenata. Costuma passar a noite inteira querendo mamar e não dormir. Eu fico exausta. Então, eu durmo de dia para dar conta à noite”, conta a advogada.
A exaustão não é de longe comparável ao sentimento de felicidade de Norma. A procuradora diz ser impossível descrever o que é o amor que sente pela filha e afirma ter sido contemplada com uma “dádiva divina”.
“Ser mãe era o que eu mais queria na vida. Ter uma filha foi a coisa mais gratificante que já me aconteceu. Não tem outra coisa igual. Ser mãe é tudo. Eu nunca tinha experimentado essa sensação, mas agora estou vendo o que é este amor”, relata. “Não tem explicação. É um amor extraordinário. A mãe a criança criam uma comunicação imediata. Desde que ela ainda estava na UTI, eu tinha visões dela, com medo de estar acontecendo alguma coisa. Cria-se uma conexão entre a mãe e o filho. O amor é indescritível. É imenso”, completa, ainda tentando dimensionar o que Ana Letícia representa em sua vida.
E se engana quem pensa que o instinto maternal de Norma está plenamente satisfeito com a chegada da filha. A advogada está na fila da adoção há cinco anos, na expectativa de conseguir ter mais uma criança para cuidar. A burocracia é um entrave, mas ela não desiste.
“É bem difícil, não é fácil adotar. A burocracia é muito grande. Eles examinam o contracheque, veem que seu salário não é grandes coisas, não permitem a adoção. Se tiver uma pessoa com uma situação financeira melhor que a minha, ela leva vantagem. Mas não desisto. Estou na fila aguardando”, diz.
Enquanto o segundo filho não chega, Norma s desdobra para cuidar de Ana Letícia. Se a idade é um fator que dificulta? Ela responde logo que não. Diz que nunca foi preguiçosa e que até desobedece a uma recomendação da médica. “Não pesa. Só pesa para mãe preguiçosa. A minha médica recomendou que eu tivesse uma enfermeira para cuidar do neném à noite. Mas eu estou cuidando sozinha. Dou banho, dou mamadeira, dou o peito, troco fralda, faço tudo que uma mãe jovem faz”, descreve.
“Aconteceu tanta coisa que só agora caiu a ficha que chegou o Dia das Mães. Estou super feliz. É uma data muito especial para mim agora”, finaliza Norma, a mamãe que prova que não há idade para uma vida nova.