A estação, que na primeira década do século XX embarcava caetanenses e mercadorias pelos trilhos de Minas Gerais, até fechar suas portas em 1988, volta agora a ter movimento. Depois de um ano e quatro meses de restauração, a Estação Ferroviária de Caeté, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), foi reinaugurada na terça-feira (1º). Ao todo, foram investidos cerca de R$ 1,2 milhão na obra, com patrocínio de R$ 942 mil da produtora de ouro AngloGold Ashanti e R$ 320 mil destinados pela Prefeitura de Caeté, órgão que fará a gestão do espaço.
A reabertura marca a transformação da estação em um equipamento cultural da cidade. Já dentro da agenda de reabertura foi feita a inauguração da Escola de Música Maestro Miguel Teodoro Fonseca, que leva o título em homenagem ao maior compositor caetanense do período barroco, que tem peças apresentadas ao redor do mundo até hoje. Inicialmente, a escola atenderá 120 alunos divididos em três turnos.
Em seu mezanino, a estação abrigará um arquivo público, com documentos centenários de Caeté, e há planos para que a Secretaria Municipal Cultura, Turismo e Patrimônio se instale no local. Há previsão ainda de que atividades culturais, como saraus, shows e apresentações, sejam realizadas futuramente no espaço.
O evento de reabertura da estação reuniu autoridades e moradores da cidade, que puderam assistir à exibição do documentário “Trilhos de Arte e Memória”, que conta a história do transporte ferroviário em Caeté, produzido pelo Museu Regional de Caeté. O evento contou ainda com a apresentação “Músicas que andam nos trilhos”, coordenada pelo Maestro Henrique Reis, professor responsável pela escola de música.
“Esta é uma entrega importante para o município. Trata-se de um prédio de 1909 com enorme valor histórico e cultural. Com a revitalização, estamos entregando um equipamento com potencial artístico e de promoção da cultura e turismo locais”, afirma o presidente da Fundação Casa de Cultura de Caeté, Darlan Corradi.
Lei de Incentivo à Cultura
A obra de restauração da estação ferroviária é fruto do primeiro projeto aprovado pela Prefeitura de Caeté na Lei de Incentivo à Cultura. A aprovação foi seguida do apoio da AngloGold Ashanti, que viabilizou o recurso para execução das obras.
Presente no evento de reabertura da estação, a gerente de Relacionamento com Comunidades e Desenvolvimento Social da AngloGold, Carla Lemos, destacou a importância de participar desse momento tão valioso para Caeté.
“Contribuir para a reabertura desse equipamento público reforça aquilo que acreditamos, que é a possibilidade de deixar um legado para as comunidades onde operamos por meio da cultura, geração de renda e trabalho. Esperamos que essa restauração possa render bons frutos para todos os caeteenses, valorizando a cultura da cidade e resgatando as memórias de infância de gerações”, afirma Carla.
Segundo ela, a restauração vai permitir um resgate da história de Caeté e ao mesmo tempo criar um espaço de convivência para os moradores do município e de cidades da região.
Detalhes da obra
A obra de restauração da Estação Ferroviária de Caeté permitiu uma verdadeira transformação do espaço que estava em avançado estado de depreciação provocado pelo tempo e por atos de vandalismo. Todos os espaços do prédio, além dos jardins, foram reformados, respeitando as características históricas do prédio e recuperando tanto a parte estrutural quanto a beleza estética da estrutura.
O projeto se iniciou com limpeza e remoção de objetos e entulhos acondicionados de forma indevida, bem como retirada de estruturas degradadas (madeiramento, pintura, esquadrias, vidros, alvenarias, entre outros).
A restauração teve início pelo telhado e forro, que foram totalmente recuperados, com intervenções nos sistemas elétrico e hidráulico; construção de novas estruturas, tratamento de pisos, pintura de esquadrias, alvenarias, forros, muros, instalação de todo o sistema de combate a incêndio, além de adequações às normas de acessibilidade, entre outras intervenções.
Todo o trabalho foi feito de acordo com o projeto arquitetônico e preservando as características históricas do imóvel.