O Atlético-MG anunciou, no último sábado (14), a contratação de Diego Costa, ídolo de outro Atlético – o de Madrid – e do Chelsea-ING. A negociação entra na lista dos vários investimentos badalados feitos nesta temporada pelo futebol brasileiro.
Além do atacante brasileiro naturalizado espanhol, Taison, Douglas Costa, Miranda e Renato Augusto são alguns dos outros nomes de peso que já desembarcaram no país em 2021. Sem falar em Hulk, contratação atleticana que tem dado muito certo. Com Diego Costa, o paraibano pode formar uma dupla ofensiva de nível europeu.
Não há dúvidas de que todos esses atletas agregam, e muito, ao nosso futebol. Embora não estejam no ápice das suas carreiras, são jogadores acima da média para o padrão brasileiro. Porém, apenas trazê-los aos nossos gramados não é suficiente para que possamos dar o salto de qualidade necessário. É preciso mais.
E a primeira coisa a se fazer é oferecer as condições necessárias para que essas estrelas joguem tudo o que sabem. Por exemplo: não acho viável o Grêmio montar um elenco tão talentoso, com jogadores como Douglas Costa e Rafinha, e incumbir a Luiz Felipe Scolari a missão de fazê-lo jogar.
Há, claramente, uma incongruência entre o que pode apresentar a equipe e o que pode extrair dela o veterano treinador. Nem em seu auge como treinador (ocorrido há muuuuuuuuuito tempo) Felipão foi um técnico conhecido por montar times agradáveis de se assistir.
Nas mãos certas, o Grêmio poderia estar jogando bem mais e, certamente, não ocuparia a vexatória 19ª colocação no Brasileiro, cuja culpa passa longe de ser apenas do atual treinador, diga-se. O clube gaúcho é um exemplo de que jogadores talentosos submetidos a ideias arcaicas agregam menos do que poderiam. Nesse ritmo, continuaremos a assistir jogos ruins.
Mas isso é apenas parte do problema. Outro absurdo diz respeito à qualidade dos nossos gramados. Mineirão, Maracanã e Castelão, que um dia já foram referências, hoje estão em situação deplorável. E isso interfere em tudo: na velocidade do jogo, no risco de lesões, nas condições para que um jogador dê um passe ou chute de primeira. Estamos em 2021,o tema sequer deveria ser motivo de debate a essa altura.
O Corinthians é outro exemplo de algo que também precisamos discutir. A montagem de um time forte deve estar alinhada ao fortalecimento do clube como um todo. É muito legal ver jogadores como Renato Augusto e Giuliano sendo contratados. Eles atraem torcedores e audiência, geram receita e alçam o time a outro patamar. Mas se a estrutura da instituição não for simultaneamente organizada, a chegada dos jogadores terá efeito meteórico, mas pouco valerá a longo prazo. Dificuldades financeiras farão com que eles sejam dispensados com a mesma facilidade com que foram contratados.
Estes são apenas três dos vários problemas sobre os quais poderia me debruçar por aqui. A qualidade da arbitragem, o mau comportamento de técnicos e jogadores durante os jogos e nossa postura como analistas também entram nesse pacote. Mas não sei se o limite de caracteres me permitiria dizer tudo o que penso sobre esses temas.
O fato é que empolga, de fato, ver atletas de alto nível chegando ao país. E é inegável que este movimento pode atrair outras estrelas. Mas não é o suficiente para explorarmos todo o potencial que o futebol brasileiro possui.
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
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