EUA e China terminaram os Jogos Olímpicos de Paris-2024 empatados no número de ouros (40 para cada). É a primeira vez desde Atenas-1896 – quando se deu início à era moderna dos Jogos – que as nações que lideram o quadro de medalhas ficam igualadas no critério. No último dia em Paris-2024, a delegação americana garantiu dois ouros e superaram os rivais chineses.
Antes do empate em Paris-2024, duas edições chegaram perto nesse quesito: Atenas-1896 e Tóquio-2020, com uma medalha de ouro de ‘diferença’. Em ambos os casos, os EUA terminaram à frente, superando Grécia e China, respectivamente.
Mesmo que o Comitê Olímpico Internacional (COI) não considere as Olimpíadas como uma competição entre países, mas sim entre atletas e equipes, ele disponibiliza em seu site oficial o quadro de cada Olimpíada para fins “informativos”, como está descrito na Carta Olímpica.
Em 2024, os Estados Unidos também foram o país que mais conquistou medalhas (126). A China, que ficou atrás no quadro de medalhas, acumulou 91 pódios ao longo das últimas duas semanas. A cerimônia de encerramento acontece neste domingo.
Além dos EUA, outras quatro nações terminaram ao menos uma edição da Olimpíada à frente no quadro de medalhas. Alemanha (1936), Grã-Bretanha (1908), China (2008) e União Soviética (1972, 1976, 1980 e 1988). Além destas, em Barcelona-1992, o Time Unificado, que contava com atletas dos países da extinta URSS, competiram juntos e lideraram os Jogos.
ENTENDA A EXPLICAÇÃO SOBRE A ORDEM DO QUADRO DE MEDALHAS
A Carta Olímpica, conjunto de regras e guias para a organização dos Jogos Olímpicos, e para o comando do Movimento Olímpico, aborda esse tema, no capítulo 1, seção 6: “Os Jogos Olímpicos são competições entre atletas individuais ou entre equipes, e não entre países.” Este documento foi atualizado pela última vez em outubro de 2023 e está em vigor em Paris-2024.
Até os Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim, o COI seguia essa regra à risca. Na Carta, no capítulo 5, seção 57, diz que o Comitê Organizador dos Jogos não elabora nenhuma classificação oficial de países e que cabe à organização das Olimpíadas definir um quadro de honra com os medalhistas. Mas para Paris-2024 isso foi alterado e a carta de regras diz apenas que o COI pode criar um quadro de medalhas para fins informativos e que a organização dos Jogos, com autorização do COI, pode utilizar esta tabela.
Dessa forma, o COI não está quebrando suas próprias leis ao instituir um quadro de medalhas ‘oficial’. Historicamente, a maioria dos países do mundo adota a classificação a partir do número de medalhas de ouros conquistadas. As pratas, bronzes e o número total de pódios são usados como critérios de desempates (nesta ordem específica).
Em Paris-2024, jornais americanos, como The New York Times, Washington Post, entre outros, adotam, por sua vez, a medição a partir do total de medalhas – por isso os Estados Unidos aparecem à frente. Há também outros critérios, como aqueles em que cada medalha possui um determinado peso, mas nenhum é tão popular quanto os dois anteriores.
Produzir um quadro de medalhas se dá por dois motivos: o primeiro é para haver uma competição entre países – algo que a Carta Olímpica ‘proíbe’. Este fator ganhou força durante a Guerra Fria, quando Estados Unidos e União Soviética dominavam os esportes olímpicos no período. Já o segundo motivo se dá para que os comitês olímpicos nacionais possam estabelecer metas e medir a evolução do esporte no país.
O Brasil, por exemplo, trabalha com a evolução da delegação no número total de medalhas. Desde Londres-2012, o País melhora seu desempenho a cada Olimpíada. Em Tóquio-2020, bateu seu recorde, com 21 medalhas no total (sendo sete de ouro). Em Paris não conseguirá superar esse número, nem nos ouros nem no total.
*Com Estadão Conteúdo