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Evento ‘Praia’, em Juiz de Fora, causa divergência de opiniões nas redes sociais

Primeira programação do centenário da Semana de Arte Moderna em Juiz de Fora. Foto: Prefeitura/Divulgação

O evento ‘Praia’ realizado no último sábado (5), no Parque Halfeld, um dos locais mais movimentados da região central da cidade de Juiz de Fora, foi marcado por muitas manifestações nas redes sociais. A intervenção faz parte da programação da releitura da Semana de Arte Moderna de 1922, que completa 100 anos neste mês.

Letícia Nabuco, diretora da intervenção artística, relatou que o cenário reproduzido tinha o objetivo de chamar atenção das pessoas para refletirem sobre a diferença de corpos e como elas lidam com isso. Assim, as pessoas começaram a expressar suas opiniões. Umas elogiando a evolução e quebra de paradigmas através da cultura e outras mais conservadoras reprimindo a ação.

Ação ‘Praia’ movimenta as redes sociais em Juiz de Fora. Foto: Reprodução/Instagram

“Os projetos são selecionados pela Comissão Municipal de Incentivo à Cultura e têm a participação de pessoas que são da Prefeitura, indicadas pela Funalfa e também a participação da sociedade civil, indicadas pelo Conselho de Cultura”.

Com isso, nessa segunda-feira (7), o vereador Bejani Júnior (Podemos), protocolou um documento pedindo informações sobre a utilização do dinheiro público. Segundo o vereador, o pedido foi feito devido a repercussão contrária da população ao evento. A diretora-geral da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa), Giane Elisa Sales de Almeida, disse que os projetos são selecionados por uma banca e contam com participação popular.

Resposta

Após a polêmica, a Comissão Municipal de Incentivo à Cultura manifestou sua posição em relação ao fato:

“CARTA ABERTA DA COMIC AO POVO DE JUIZ DE FORA

Diante da grande repercussão da performance artística intitulada “Praia”, na manhã deste sábado, 5 de fevereiro de 2022, que dividiu opiniões, a COMIC – Comissão Municipal de Incentivo à Cultura, viu por bem se manifestar e tentar dar algumas respostas a questionamentos que estão sendo feitos.

Antes disso, porém, devemos parabenizar aos artistas que com graça, competência e alegria, cumpriram o papel de abrir as comemorações da Semana de Arte Moderna de 1922, que, há um século deve ter sido um evento igualmente provocador e controvertido.

Não é esse o papel da arte?

Parabenizamos também à Funalfa – na pessoa da Diretora Giane Elisa; e à Prefeita Margarida Salomão, pela coragem de, em momento de tanto obscurantismo, incentivar a criação artística, sem censura ou qualquer tipo de controle.

Aos fatos.

Em Juiz de Fora existe uma Lei de Incentivo, que contempla projetos culturais – a Lei Murilo Mendes – que foi criada em 1994 e é pioneira por oferecer recursos diretos a projetos artísticos.

Em consequência da Lei é criada a COMIC, formada por representantes da sociedade e do governo. Os artistas apresentam propostas e quem avalia e aprova é a COMIC!

Esse ano, recebemos cerca de 800 projetos e contemplamos quase 100. Foram dois milhões de reais que vão irrigar a produção cultural da cidade.

Um dos Editais foi o “Pau Brasil” que pretende comemorar e refletir sobre a Semana de 22, um dos principais marcos da cultura nacional.

Estimulamos que os proponentes trouxessem projetos ousados, pois esse era o sentido do Edital.

E hoje, estamos felizes e orgulhosos por ver esse objetivo atingido. Um grupo de uns vinte artistas, em cima de uma lona amarela, recriou um pedaço de praia e sacudiu a cidade (e, graças à internet, o Brasil).

É esse o papel da arte!

Sobre o valor gasto, que está sendo objeto de avaliações precipitadas, devemos dizer que todas as despesas foram apresentadas, avaliadas e aprovadas pela COMIC.

Do valor total se descontou 25% para o Imposto de Renda, e o resto remunerou uma oficina de criação que durou um mês; mais duas apresentações de duas horas cada; mais a produção de um vídeo registro e uma oficina de avaliação aberta.

A planilha é um documento público e está à disposição de todos. Ao fim do projeto, a proponente prestará contas das despesas e temos total confiança que tudo se dará de modo perfeito.

Àqueles que querem aprisionar a cultura e a arte nos grilhões do pudor e da mediocridade, queremos dizer: desistam! A arte é incontrolável e, mais que nunca, o Brasil precisa dela.

Quem não viu, evite julgamentos precipitados. Sábado que vem tem mais, na mesma hora e local. Vá ver, refletir, debater e formar sua própria opinião, mesmo que seja contrária. Mas faça isso com respeito e inteligência”.

Programação

Durante todo o mês de fevereiro, a releitura da Semana de Arte Moderna segue com artistas juiz-foranos. Serão apresentados 15 projetos financiados pelo Programa Cultural Murilo Mendes, mantido pela Prefeitura de Juiz de Fora. A ação reuniu integrantes do grupo Mercúrio Líquido, sediado no Diversão e Arte Espaço Cultural e está prevista para ser reapresentada no próximo sábado (12), no mesmo horário e local, com a participação de artistas selecionados através de uma convocatória.

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