Na tarde da última segunda-feira (25), o ex-administrador de Ipoema e atual presidente do Partido Progressistas (PP) em Itabira, Luiz Carlos de Souza, usou o plenário da Câmara para fazer diversas denúncias contra a gestão Marco Antônio Lage (PSB). Entre as acusações, também encaminhadas ao Ministério Público (MP) e a Polícia Civil, estão a realização de trabalhos com veículos e equipamentos em Áreas de Preservação Permanente (APP) no distrito, captação de água sem outorga, ameaças, retaliações e favorecimentos a Rogério Figueiredo (atual administrador de Ipoema) e Rodrigo Lage, respectivamente primo e sobrinho de Marco Antônio Lage. Ao fim da matéria, você confere um resumo sobre cada uma das acusações.
Segundo Luiz Carlos, todas as irregularidades ocorreram no território do distrito itabirano. O presidente do PP diz, ainda, que Rodrigo Lage teria tentado intimidá-lo, por achar que foi Luiz Carlos quem expôs o serviço público realizado na propriedade particular do sobrinho de Marco Antônio. O caso foi levado pelo vereador Roberto Carlos Fernandes de Araújo, o Robertinho da Autoescola (MDB), à Câmara em julho.
“Até então essas denúncias não haviam partido de mim, foi do próprio Gilmar que passou pro Robertinho, não sei onde que deu isso. Depois, comecei a ser ameaçado, o empregado do Rodrigo Lage chegou a mandar recado pra mim perguntando se eu queria parar ou se queria guerra. Aí eu perguntei: ‘Como assim? não tô entendendo’, ele falou ‘ele acha que é você que tá denunciando a questão ambiental’. Porque tem as máquinas que estavam na fazenda particular dele e um monte de coqueiro que ele cortou lá. Aí a polícia ambiental foi no local e ele cismou que fui eu que ameacei”.
O ex-administrador de Ipoema também garante que suas ações não ocorrem por “picuinha política”, e sim como parte de reclamações oriundas dos próprios moradores.
“Quero deixar bem claro que isso não é picuinha ou briga política, é o povo que está me cobrando. E eu acabo representando o povo. Consigo várias emendas através de deputado e também sou suplente de vereador, presidente do PP. E mediante essa quantidade de denúncias, não tem como ficar calado. Tem um senhor de idade que está abandonado lá, faltam 800 metros para chegar na casa dele, e falam que é particular. Mas pode fazer particular pro sobrinho do prefeito, para um monte de parente e amiguinhos, mas não pode fazer para um senhor de idade de 72 anos. Isso é revoltante!”, explica.
Além disso, Luiz Carlos diz não ver problema nas irregularidades, desde que os trabalhos contemplem toda a comunidade. “O uso de máquinas é errado, sim. Eu não sou contra desde que faça para todo mundo. É ilegal? Sim, mas desde que faça para todo mundo, eu acho justo… eu não sou contra, é a justiça que tem que decidir isso. Estou falando da minha parte, porque querendo ou não o sobrinho dele também paga imposto. Mas lá é propriedade particular”, comenta.
Procurada pela reportagem da DeFato, a Prefeitura de Itabira não se posicionou oficialmente até a publicação desta matéria. O espaço segue aberto para eventuais esclarecimentos. Abaixo, você confere detalhes das denúncias.
Corte de coqueiros
O sobrinho do prefeito Marco Antônio Lage, Rodrigo Lage, teria cortado e destocado mais de dez coqueiros adultos localizados ao redor da sua fazenda, adquirida em 2020, além de suprimir parte da vegetação local.
Captação de água sem outorga
Na Ponte do Bibi, próxima à saída de Ipoema, veículos e equipamentos pesados alugados pela Prefeitura realizaram obras em Áreas de Preservação Permanente (APP) com a finalidade de captar água, sem outorga.
Escavação e desvio de curso d’água
Na ponte da Cachoeira Alta, região de propriedade do administrador de Ipoema e primo do prefeito itabirano, Rogério Figueiredo, foi realizada uma escavação dentro do rio com o desvio do curso d’água para a movimentação de terra e pedras utilizando veículos, máquinas e equipamentos alugados pela Prefeitura. Luiz Carlos acusa um favorecimento a Rogério Figueiredo.
Perfuração de poços artesianos
Dois poços artesianos foram perfurados sem a devida licença ambiental, sendo um em São José do Turvo, na região conhecida como Macacos, e o outro na comunidade do Engenho, em Itabira.
Abertura de canaletas
Há mais de dois meses foram abertas diversas canaletas dentro das propriedades rurais com profundidade aproximada de um metro e meio. Em uma delas, uma vaca que estava prenha caiu e morreu, mas as canaletas continuam abertas.
Fossas sépticas
Luiz Carlos de Souza também pede explicações sobre a instalação de três fossas sépticas em propriedades particulares onde não há nenhuma edificação ou vestígios do início de alguma construção.