Aposentada compulsoriamente, em maio de 2023, pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por manifestações ideológicas de direita em sua rede social, a ex-juíza Ludmila Lins Grilo chamou de ‘migué jurídico’ e crime de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, durante discurso crítico ao Supremo Tribunal Federal (STF) no Congresso Conservador Brasileiro, realizado no final de semana passado, em Massachussets, nos Estados Unidos.
A ex-magistrada ganhou notoriedade também por discursos contra o isolamento e o uso de máscaras no período da pandemia de covid-19.
No evento em Massachussets, Ludmila sugeriu manifestações na Avenida Paulista e explicou: “Na Avenida Paulista é infinitamente mais seguro você fazer uma manifestação política do que em Brasília. A gente quer fazer na Paulista mesmo. Lá não tem STF, não tem Palácio do Planalto. Lá ninguém vai poder te acusar de golpe de Estado, de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, que é um ‘migué jurídico’, né“.
Na oportunidade, Ludmila teceu críticas ao ministro Gilmar Mendes, do STF. “Eles sabem que isso é um jurídico e o próprio Gilmar Mendes falou isso em entrevista lá em Portugal e achou que ninguém ia saber. Mas, hoje em dia, todo mundo tem Iphone e todo mundo viu. Todo mundo sabe que você é um cínico”.
Trechos de sua participação no evento foram postadas no Instagram.
Sua conta no X, onde era seguida por mais de 300 mil pessoas, a ex-magistrada compartilhou uma postagem sob título: “Os perseguidores-gerais da República do Brasil” e uma montagem com fotos dos ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes. Seu perfil no X foi bloqueado por determinação do ministro Alexandre de Moraes.
Ludmila arremata na postagem: “A liberdade custa caro, muito caro. Alguns pagam um preço mais modesto, outros um preço muito alto, outro nenhum preço”.
A ex-juíza é investigada pelo CNJ desde setembro de 2022, por condutas nas redes sociais consideradas “incompatíveis com seus deveres funcionais”, além de ser suspeita de dar suporte a Allan da Silva, foragido da Justiça nos Estados Unidos por suspeita de disseminar desinformação.
Numa alusão ao inquérito das Fake News, em análise no STF, Ludmila sugeriu que “ato autoritário é juiz abrir inquérito e figurar como vítima, investigador e julgador ao mesmo tempo”.
O relator do caso à época foi o ministro Luís Felipe Salomão, que repudiou as publicações em redes sociais, classificando-as de “incompatíveis com a posição de juíza, que não cumpria os deveres básicos e agia com total desleixo ao não trabalhar presencialmente”.
Em sua defesa, Grilo afirmou que não trabalhava presencialmente devido a ameaças de morte, confirmadas pelo gabinete de Segurança Institucional do TJ de Minas Gerais. Grilo negou também que suas publicações tivessem conotação política.