Explosões neste fim de semana na maior usina nuclear da Europa, a usina de Zaporizhzhia, na cidade ucraniana de Enerhodar, ocupada por forças russas ao longo do Rio Dnipro, provocaram temores de que a guerra possa desencadear uma catástrofe nuclear.
Cerca de 500 soldados russos estavam na estação nuclear, onde estão entrincheirados há várias semanas e de onde vêm disparando mísseis contra posições ucranianas do outro lado do rio, segundo autoridades ucranianas.
Cada lado culpa o outro pelo bombardeio perto da usina, que levou ao corte de uma linha de alta tensão, levando a equipe da usina a fechar um de seus seis reatores no fim de semana, de acordo com o regulador nuclear ucraniano, Energoatom. A usina é controlada pelos russos desde os primeiros dias da guerra, mas a equipe ucraniana ainda a opera.
“Desta vez, uma catástrofe nuclear foi milagrosamente evitada, mas milagres não podem durar para sempre”, disse a Energoatom pelo Telegram neste domingo (7).
Até agora, as autoridades ucranianas disseram que não houve danos aos reatores e nenhuma liberação radiológica. Mas mísseis disparados na noite de sábado (6) danificaram três monitores de radiação, segundo informou a Energoatom pelo Telegram neste domingo, 7. Cerca de 800 metros quadrados de superfícies de janelas em edifícios de usinas foram danificados devido a fragmentos de explosões. Um funcionário da usina nuclear foi hospitalizado com ferimentos causados por estilhaços.
Mais explosões em torno de Enerhodar foram relatadas nas mídias sociais no domingo, mas não puderam ser verificadas de forma independente.
Oleksandr Starukh, governador da região de Zaporizhzhia, escreveu no Telegram nesta segunda-feira, 8, que, devido às hostilidades, apenas dois dos seis reatores da usina nuclear estavam conectados à rede elétrica. “Devido à destruição da rede elétrica, existe o perigo de não ser possível transmitir eletricidade a partir da estação”, escreveu ele. A Energoatom também acusou a Rússia de tentar desconectar a estação nuclear da rede, o que poderia provocar um apagão em grande parte do sul da Ucrânia.
O chefe da agência atômica das Nações Unidas condenou no sábado a atividade militar perto da usina e pressionou para que sua equipe tenha acesso às instalações. A Ucrânia já é o local do acidente nuclear mais catastrófico do mundo, o derretimento da usina nuclear de Chernobyl, em 1986. “Qualquer poder de fogo militar direcionado para ou a partir da instalação equivaleria a brincar com fogo, com consequências potencialmente catastróficas”, disse Rafael Grossi, da Agência Internacional de Energia Atômica.