Caso de pessoas recebendo vacinas, supostamente contra o coronavirus, em uma garagem da Saritur, em Belo Horizonte, sofreu uma reviravolta. Depois de viralizar pelo Brasil, o vídeo que flagra o momento chamou a atenção das autoridades, que descobriram um esquema de empresários e políticos mineiros que tentavam furar a fila da imunização contra o coronavírus.
Após investigação intensa, a Polícia Federal chegou até a mulher que aparece aplicando as supostas vacinas nos vídeos gravadas por uma funcionária da Saúde de Belo Horizonte. Cláudia Monica Pinheiro Torres de Freitas, de 54 anos, é uma falsa enfermeira e tem um histórico de golpes.
O que a Polícia Federal descobriu é que há diversos processos contra ela na Justiça. Inclusive, em um dos casos levados à polícia, uma das vítimas diz ter perdido R$ 20 mil.
Nessa segunda-feira (5), dando continuidade à investigação, a Polícia Federal ouviu os filhos e o genro de Cláudia Mônica. Eles também são suspeitos de associação criminosa e de “falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais”. A pena pode chegar a 15 anos de prisão.
O filho de Cláudia, Igor Torres, é suspeito de receber os pagamentos pelas vacinas. De acordo com a apuração, cada uma teria custado R$ 600. A polícia investiga a participação de Daniviele Torres, filha de Cláudia, nos crimes. Entre as pessoas que constam na lista apreendida durante a operação chamada de “Camarote” estão advogados, um aluno de doutorado, um dentista e quatro parentes do ex-senador Clésio Andrade.
Em depoimento à Polícia, Rômulo Lessa, dono da empresa de transportes Saritur, confirmou que a garagem foi utilizada por dois dias seguidos para realizar a vacinação clandestina. Os investigadores acreditam que pelo menos outras 30 pessoas foram imunizadas na garagem da Saritur.
Histórico de golpes
Segundo a Polícia Federal, apesar de se apresentar como profissional de saúde, Cláudia Mônica nunca teve registro no Conselho de Enfermagem de Minas Gerais (Coren-MG). O “Fantástico” exibiu uma reportagem, no último domingo (4), em que mostra depoimentos de pessoas que já conviveram com ela.
Uma mulher que trabalhava como cuidadora de idoso, junto com Cláudia Mônica, que não quis se identificar, chegou a dizer que “ela sempre falava que era enfermeira, que era instrumentador, mas nunca mostrou para a gente uma carteirinha”. A mulher confirmou que a falsa enfermeira aplicava golpes pedindo dinheiro emprestado e deixando de pagar.
Ainda durante a pesquisa do “Fantástico”, há diversos processos contra Cláudia na Justiça. Em um dos casos, uma das vítimas diz ter perdido R$ 20 mil. Neste sábado (3), Cláudia teve o pedido de habeas corpus aceito pela Justiça e foi solta provisoriamente. O advogado dela, Bruno Agostini, disse que ainda não teve acesso às investigações.