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Falta de mão de obra afeta o desenvolvimento e preocupa empresários do Norte de Minas

Falta de mão de obra afeta o desenvolvimento e preocupa empresários do Norte de Minas

Foto: Reprodução

Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e a Prefeitura de Montes Claros, o município preencheu mais de mil vagas de empregos formais somente em 2023. No período, foram admitidos 3.476 trabalhadores, contra 3.206 demitidos, com o saldo positivo de 270 vagas até o mês de julho de 2023. Os setores da economia que mais contribuíram para o saldo positivo foram o de Serviços, Construção Civil e Comércio.

Comparando os dados de Montes Claros identificados em julho com os 15 municípios de maior densidade populacional de Minas Gerais, de acordo com o Censo Demográfico de 2022, a maior cidade do Norte do Estado ocupou a quinta colocação.

Belo Horizonte (1.973), Betim (593), Uberaba (567) e Contagem (505), criaram mais vagas, enquanto Ribeirão das Neves (178), Governador Valadares (158), Divinópolis (130), Ibirité (107), Santa Luzia (29), Sete lagoas (2), Ipatinga (-71), Juiz de Fora (-183) e Poços de Caldas (-452) geraram menos empregos que Montes Claros.

Segundo o Sebrae, 8 em cada 10 empregos em Minas Gerais, no período, foram gerados pelas micro e pequenas empresas, com mais de 100 mil vagas de trabalho só no primeiro semestre de 2023. Somente no último mês do semestre, o saldo foi de 23.554 postos de trabalho, 17% mais que o mês de maio.

Os bons números, no entanto, deixam os empresários locais preocupados, já que a demanda da mão de obra não atende às empresas.

Empresários alegam que falta interesse e compromisso das pessoas, além de um efeito pula-pula, onde os empregados não se mantêm por mais de 3 meses em uma mesma empresa e buscam constantemente novas vagas, o que tem gerado prejuízos e muita dor de cabeça para o empregador, que reluta em investir em treinamentos e capacitações, uma vez que não pode confiar na permanência do funcionário.

A empresária do ramo da educação, Luciana Fonseca, afirma que “está cada dia mais difícil a contratação e permanência de um funcionário, uma vez que os currículos e os perfis dos candidatos não inspiram confiança”.

Empresário Luciana Fonseca à direita – Foto: Reprodução

Dados da Agência Brasil informam que o percentual de jovens da geração “nem-nem”, que nem trabalham e nem estudam, são estarrecedores 36%. Especialistas citam fatores econômicos, falta de entusiasmo e maturidade dos jovens para enfrentar as dificuldades do mercado de trabalho.

“Esse não é um problema específico dos jovens, mas mesmo trabalhadores supostamente experientes não têm demonstrado comprometimento. Ao jovem sobra energia, mas falta perseverança para não desistir no primeiro obstáculo. Ao adulto, pode haver alguma experiência, mas falta a qualificação, como inglês e espanhol por exemplo, conhecimentos básicos de informática ou como utilizar novas tecnologias. Em ambos não há comprometimento, nem um planejamento a longo prazo. Falta especialmente uma visão holística do mercado de trabalho e disposição à negociação”, ressalta Luciana Fonseca.

Por outro lado, os empresários observam uma clara despreocupação dos governos locais, a exemplo de Montes Claros, sexta maior cidade do Estado, que não possui programas eficientes de incentivo à inserção de jovens no mercado de trabalho, mesmo sendo o maior polo universitário da região Norte.

Esse desinteresse do setor público gera, principalmente, falta de condições para alguns núcleos sociais, o que transforma em uma grande fábrica de mão de obra sem qualificação ou com qualificação desproporcional às demandas do mercado.

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