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Faz sete anos que Maximila Reis Campos desapareceu: o irmão dela também está sumido desde 2019

Faz sete anos que Maximila Reis Campos desapareceu: o irmão dela também está sumido desde 2019

Foto: Reprodução/YouTube

Uma informação muito importante do Anuário Brasileiro de Segurança Pública: há 62.857 desaparecidos no Brasil. Uma média de 170 pessoas somem diariamente. A ONG “Mães em Luta e Mães da Sé” conseguiu localizar 10 mil brasileiros nessa situação, nos últimos dez anos.

Um exemplo emblemático

O aposentado Delmar Winck entrou em uma loja no Santuário Nacional de Aparecida, interior de São Paulo, na tarde de 21 de outubro de 2012. Do lado de fora, a esposa dele, a idosa Beatriz Winck, aguardava. Quando Delmar saiu, não encontrou a companheira. A mulher nunca mais foi vista. O casal é de Portão, um município do Rio Grande do Sul.

Uma família de Itabira também sofre com esse drama humano. Em 29 de novembro de 2014, uma tarde de sábado, por volta das 14 horas, a estudante Maximila Christian Reis Campos (então com 16 anos) saiu de casa para ir a um churrasco e nunca mais deu notícias. E a comovente história dos itabiranos não acabou naquele dia. Continuou quatro anos depois. Em 4 de julho de 2019, Alex Jonathan da Silva, 21 anos, também desapareceu, em Uberlândia. Um detalhe dessa ocorrência aumenta ainda mais o mistério: esse morador do Triângulo Mineiro é irmão da itabirana, que se encontra desaparecida há sete anos.

Aldair Vicente de Campos, pai dos dois desaparecidos, deu a seguinte entrevista à TV DeFato. Campos demonstrou muita angústia, mas ainda conserva a esperança num final feliz.

DeFato: nas horas que antecederam a essa suposta ida ao churrasco, você notou algum comportamento diferente em Maximila?

Aldair Vicente de Campos: No dia do desaparecimento, Maximila estava normal. Ela até levantou cedo, e arrumou a casa. Foi um comportamento diferente, porque normalmente ela fazia o que era de interesse dela, e não gostava de levantar cedo. Quando ela queria alguma coisa, era papaizinho pra lá, beijinho pra cá. Quando queria alguma coisa, ela fazia algo para merecer (aquilo que queria). Ela tinha o comportamento de uma adolescente de nossos dias. Então, naquele sábado, ela fez por merecer que a mãe lhe liberasse para ir ao churrasco (arrumou a casa). Então, o churrasco já estava previsto na cabeça dela, já estava programado.

DeFato: esse churrasco foi na casa de amigos de Maximila? Ela chegou a comparecer ao local da festa?

Aldair: Ela desapareceu num sábado (29/11/2014). Na sexta feira, ela perguntou à minha esposa (a mãe dela) se poderia ir a esse churrasco. A minha esposa deixou que ela decidisse. No outro dia (sábado), Maximila levantou cedinho e arrumou a casa para mãe, uma coisa que raramente ela fazia. Na faixa das duas horas da tarde, quando a minha esposa chegou do serviço, Maximila confirmou que iria ao churrasco. Ela (Maximila) ainda ligou e convidou Débora, que é minha sobrinha, para ir com ela a esse churrasco. Mas Débora recusou o convite, porque a mãe dela estava passando mal. E, nesse dia, aconteceu uma coisa diferente: sempre que Maximila pedia para ir a algum lugar, eu sempre perguntava para onde ela iria e em companhia de quem. Mas, nesse dia, não perguntamos onde seria esse churrasco. E outra coisa: sempre que ela saía para algum lugar, eu e minha esposa íamos com ela até ao portão. E, nesse dia, não fizemos nada disso. Então, nesse sábado, nós autorizamos Maximila (a ir ao churrasco), mas não perguntamos em companhia de quem ela iria e nem onde seria esse churrasco.

DeFato: Então, vocês nunca souberam o nome de quem estava patrocinando o churrasco, nem onde seria tal acontecimento (o churrasco)…

Aldair: naquele dia do churrasco, Maximila apenas afirmou que às oito horas (da noite) chegaria em casa. Segundo ela, o churrasco seria às 16 horas.

DeFato: Mas, ela já tinha o costume de sair, de vez em quando, para ir a festas?

Aldair: Ela tinha o costume de sair e ir a um trailer para fazer lanche. Sempre ia a festas, com a autorização da gente, e com hora marcada para retornar. E ela, pontualmente, sempre chegava no horário combinado.

DeFato: E, naquele dia, depois de quanto tempo a família percebeu que Maximila havia desaparecido?

Aldair: Por volta das 8h30(da noite), quando vimos que ela não retornava, começamos a ligar para o celular dela, que só dava desligado ou fora de área. Mas quando percebemos que o telefone não atendia, começamos a procurar por amigas e conhecidos dela. Só que ninguém soube informar a respeito desse churrasco.

DeFato: E como era o relacionamento dela no seio familiar. Havia algum tipo de divergência entre ela e os pais, ou irmãos?

Aldair: Ela tem um irmão, apenas por parte de pai, e uma irmã que hoje tem 16 anos. O relacionamento dela com a irmã, não era um relacionamento entre irmãs, mas era um relacionamento como de mãe e filha. Maximila era a protetora da irmã, até mesmo pela diferença de idade (na época do desparecimento, a irmão tinha 9 anos).

DeFato: E existia alguma situação conflitante, no relacionamento de Maximila com o pai e a mãe?

Aldair: Olha, Maximila era uma adolescente típica de hoje em dia, era uma adolescente rebelde. Hoje em dia, o adolescente é mais ou menos independente, acha que sabe tudo. O relacionamento dela com a mãe era tranquilo. Com a gente, que é pai, o relacionamento era mais distante, porque nós (pais) ficamos muito tempo fora de casa. E, além disso, o pai é mais rígido que a mãe. Mas, de uma maneira geral, o relacionamento em casa era super tranquilo.

DeFato: As pessoas amigas de Maximila levantaram alguma hipótese para esse desparecimento? Ela chegou a manifestar para alguém a pretensão de ir embora de casa?

Aldair: por incrível que pareça, não apareceu nada que desse uma pista do que aconteceu realmente com ela, e a gente não tem como saber se ela fugiu de casa ou se foi sequestrada. Não deu para a gente saber nada disso, porque não tivemos informações que possam juntar uma coisa com a outra (fuga ou sequestro) para se chegar a um ponto certo.

DeFato: Depois da divulgação do desaparecimento, alguém forneceu algum tipo de pista sobre o paradeiro de Maximila? Alguma pessoa deu informação que, minimamente, poderia ter levado à solução desse mistério?

Aldair: A única informação, que eu particularmente tive, me levou a uma pessoa parecida com ela. Eu até fui atrás de uma informação para tentar descobrir, mas a pessoa apenas se parecia com Maximila. Lá no bairro Pedreira, tive a oportunidade de encontrar com uma pessoa parecida com ela, mas, a moça, que parecia demais da conta com ela, era bem mais velha.

DeFato: A Polícia já deu o caso por encerrado ou continua no trabalho de investigação?

Aldair: olha, no ano atrasado, eu estive na delegacia conversando com esse novo delegado que está aí(Helton Cota). Parece que eles estavam encerrando o caso de Maximila. Esse delegado, depois de analisar os relatórios, reabriu a investigação do caso. Esse delegado deixou as portas abertas para todas as informações necessárias e me disse que recomeçaria com as investigações. Mas, eu não tive a oportunidade de retornar à delegacia para ver como está o andamento das investigações.

DeFato: Para aumentar ainda mais o drama e o mistério, cinco anos depois, em 2019, o irmão dela, Alex Jhonattan da Silva, que vivia em Uberlândia, também despareceu. Em sua opinião, essa ocorrência foi uma coincidência trágica ou existe alguma correlação entre os dois desaparecimentos?

Aldair: Alex é meu filho também, de outro relacionamento. Ele sempre morou com a mãe. Quando era criança, passava os finais de semana comigo, aqui em Itabira. Depois que ficou adulto, nós nos desligamos um pouco. Ele e a mãe se mudaram para Uberlândia. Depois de vinte dias morando lá (em Uberlândia), a mãe de Alex, que é evangélica, chegou da igreja por volta das 9h30 da noite, e o encontrou sentado no portão da casa. Ele avisou que não ia demorar a ir pra dentro de casa. Ela entrou pra dentro e ficou tranquila, porque ele tinha o costume de ficar sentado do lado de fora. Por volta da meia noite, a mãe resolveu verificar se o filho continuava sentado fora de casa, mas, ele já não se encontrava mais naquele local. E Alex nunca mais apareceu. Uma vez por mês, eu ligo para a delegacia de Uberlândia para saber notícias sobre o caso, mas, nunca mais ninguém deu notícias do meu filho.

DeFato: E, nunca passou pela sua cabeça, em algum momento, que possa ter havido uma conexão entre esses dois desaparecimentos (de Maximila e Alex)?

Aldair: Olha, no início do sumiço de Alex, isso até passou pela minha cabeça. Mas, depois, eu analisei direitinho, e vi que uma coisa nada tinha a ver com a outra. Foi apenas uma infeliz coincidência.

Se alguém tiver alguma informação sobre Maximila ou Alex, ligue para o telefone: (31) 98753 6984.

Confira a entrevista completa no vídeo abaixo ou no canal da TV DeFato no YouTube:

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