O jornalista Feliciano de Almeida Brugnara e o jornal O Passarela marcaram um encontro na encruzilhada do tempo. As histórias dos dois se confundem. Neste ano, o periódico completou cinquenta anos de existência. A imagem do veículo de comunicação está definitivamente no imaginário dos habitantes da terra do poeta Carlos Drummond de Andrade.
O jornal teve duas fases. No primeiro período, a publicação foi administrada por um conselho editorial formado por 24 pessoas, quase todas funcionários da antiga Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). Os fundadores de O Passarela foram José Braz Torres Lage, Marcos Gabiroba, Mauro Araújo e Fortunato Pinto, além do próprio Brugnara. E o sistema funcionava da forma mais democrática possível. O jornal tinha um presidente eleito pelos membros do conselho. Esse dirigente cumpria mandato de um ano. Mas era uma multidão para palpitar. Então, esse organograma previsivelmente não deu certo. “Mas você sabe como é que é: onde tem muita gente mandando, começam as confusões, as divergências”, assim Brugnara justificou o motivo para o fim do primeiro capítulo da verdadeira saga desse veículo de comunicação.
A etapa seguinte também terminou muito rapidamente. E, depois disso, Feliciano assumiu individualmente. E nunca mais parou. Durante meio século, o decano dos jornalistas itabiranos exerceu uma incansável atividade polivalente no periódico: repórter, editor, redator, revisor e cronista. E a dinâmica funciona assim até hoje, mesmo com o advento da internet e redes sociais. Brugnara mantém ainda uma tradição, desde sempre: ele mesmo distribui integralmente todas as edições de O Passarela em pontos estratégicos da cidade. Mas nem sempre foi desse jeito. No início, um grupo de jovens jornaleiros vendia os exemplares, nas ruas da cidade. A temporada das vacas gordas provocou o fim da distribuição gratuita.
“Apareceu uma quantidade muito grande de anúncios publicitários. E, assim, começou a temporada de vacas gordas. Então, decidi acabar com as vendas com jornaleiros. Aí, eu mesmo comecei a fazer a distribuição”, explica o experiente repórter. E como funciona o processo de distribuição gratuita? Brugnara explica: “ eu vou a diversos lugares. Vou aos bairros Campestre, Bela Vista, Praia, Pará, Bela Vista, Alto Pereira e toda a região central. Levo dez dias para fazer uma distribuição completa do jornal”, detalha.
Mas a vida de Feliciano Bruganara não se resume exclusivamente em jornalismo. Ele também se aventurou na política. E, no cargo de vereador, foi um dos protagonistas do mais trágico momento da política itabirana: o suicídio do ex-prefeito Daniel Jardim de Grisolia, no início da década de 1970. A história completa de O Passarela pode ser conferida no vídeo abaixo.
Na semana passada, o jornalista Feliciano Brugnara concedeu uma longa entrevista ao programa Sala de Visitas da TV DeFato. Ele contou tudo sobre um dos mais antigos órgãos de imprensa do interior de Minas Gerais — são 50 anos de circulação ininterrupta.