O Flamengo continua soberano no Brasileirão. Na quarta-feira (3), visitou o Atlético na Arena MRV, em Belo Horizonte, e não tomou conhecimento dos mineiros, ganhando por 4 a 2 com direito a “olé” da torcida e pintura de Ayrton Lucas, subindo para os 30 pontos na tabela de classificação.
Com o belo triunfo em Belo Horizonte, o Flamengo abriu três pontos para o arquirrival Botafogo, em segundo, mas pode ver o Palmeiras novamente encostar, caso vença o Grêmio nesta quinta-feira (4). Os atuais campeões estão com 26 pontos, mas jogarão repleto de desfalques em Caxias do Sul. Já o Atlético amarga o quinto tropeço seguido em casa e continua distante das primeiras posições — estacionado na 10ª posição.
Os técnicos surpreenderam nas escalações. E Tite conseguiu irritar os flamenguistas ao deixar o artilheiro Pedro na reserva, para escalar o centroavante Carlinhos. Queria dar descanso a seu camisa 9 e, ao mesmo tempo, rodagem ao reserva com a iminente saída de Gabigol. Acostumado a modificar o Atlético, Gabriel Milito veio sem lateral-esquerdo de ofício e com o volante Otávio de volta no meio após longo período machucado.
Vindo de quatro tropeços seguidos na Arena MRV, o Atlético apostava em sua dupla ofensiva, formada por Hulk e Paulinho, para acabar com a desconfiança da torcida, irritada pelos empates caseiros por 1 a 1 com Bahia, Fortaleza e Atlético-GO, além da dura derrota por 4 a 0 diante do Palmeiras. Depois de começar a competição apontado como um dos favoritos, a meta era melhorar a classificação.
Os cariocas tinham na boa fase do meia Gerson e na estrela de seus defensores, a confiança de Tite pela manutenção da boa campanha e da liderança isolada — quando entrou em campo, o Flamengo superava o Botafogo apenas no saldo de gols (10 a 9 e ambos com 27 pontos). Sem contar o Palmeiras na cola, com 26.
Mesmo visitante, o Flamengo adotou postura mais ousada, atacando em velocidade e apostando em cruzamentos para a área. Em um deles, logo aos 13 minutos, após cobrança de falta de Luiz Araújo, Bruno Henrique mandou para o fundo das redes.
Hulk iniciou sua reclamação com a arbitragem cedo, alegando que a barreira estava muito perto em sua cobrança de falta. A irritação do astro parecia contagiar os companheiros, que não conseguiam encaixar uma jogada ofensiva. Igor Gomes chegou a tropeçar na bola em arrancada.
Nada dava certo na frente e a situação se mostrou ainda pior na defesa. Após lançamento, Wesley foi mais esperto que Scarpa, mais uma vez perdido como ala pela esquerda, antecipou a bola e bateu na trave. A bola sobrou para Carlinhos apenas empurrar às redes vazias. Primeiro gol do jogador, que perdeu a mãe faz 15 dias, pelo clube.
Em novo erro de Igor Gomes, desta vez tocando equivocadamente para fora, a paciência dos atleticanos chegou ao fim e as primeiras vaias foram ouvidas na Arena MRV.O nervosismo era evidente entre os jogadores mineiros e Cadu, na primeira grande chance do Atlético, saiu sozinho na cara de Rossi e mandou para fora.
Irritado com a apresentação de seus comandados, Milito mandou o chileno Vargas ao aquecimento — chegou da Copa América nesta quarta-feira — antes do intervalo, pouco depois de Carlinhos desperdiçar chance de ampliar. A etapa foi toda dos cariocas, com Hulk, Paulinho e Scarpa neutralizados pelos marcadores do time rubro-negro.
Milito retornou com Vargas na vaga do questionado Igor Gomes. Com uma escalação ainda mais ofensiva, queria diminuir rapidamente para colocar pressão no Flamengo e incendiar as arquibancadas. O técnico sabia, contudo, que precisava que seus principais nomes melhorassem o desempenho até então apático.
Porém, viu o prejuízo aumentar logo no início do segundo tempo. Ayrton Lucas enfileirou os marcadores e mandou cruzado, no cantinho de Matheus Mendes para anotar uma pintura e colocar 3 a 0 no placar
Em uma rasteira boba de Allan em Vargas e consulta ao VAR, pênalti anotado para o Atlético. Hulk pegou a bola com carinho, respirou fundo mais de uma vez e diminuiu, aos 11 minutos. Homenageou a filha recém-nascida com o gesto de ninar.
O gol era para dar esperança ao Galo, mas uma entrada dura de Rômulo em Bruno Henrique, aos 19 minutos, dificultou tudo. O lateral — iria ser substituído por Mariano, na beira do campo para entrar — recebeu o segundo amarelo e o consequente vermelho, deixando a equipe com um a menos e em desvantagem grande no placar.
Bastaram três minutos para o Flamengo transformar o placar em goleada. Pedro serviu Bruno Henrique, que dominou, avançou e tocou na saída de Matheus Mendes. Após consulta ao VAR, o lance acabou validado.
Lançado apenas na etapa final, Pedro deu a assistência para o quarto gol, sofreu um pênalti ignorado pelo árbitro e parou em boa defesa de Matheus Mendes. Com o passar do tempo e a vitória encaminhada, Tite começou a poupar suas principais peças, já pensando no duelo de sábado (6), com o Cuiabá, no Maracanã. Os minutos finais foram em busca do quinto gol, mas foi Hulk quem diminuiu, sozinho.
Assista aos melhores momentos de Atlético e Flamengo:
Ficha técnica
Atlético 2 x 4 Flamengo
Atlético: Matheus Mendes; Bruno Fuchs, Rômulo e Battaglia; Otávio, Igor Gomes (Vargas), Paulo Vitor (Mariano) e Gustavo Scarpa; Cadu (Palacios), Paulinho e Hulk. Técnico: Gabriel Milito.
Flamengo: Rossi; Wesley, Fabrício Bruno, David Luiz e Ayrton Lucas (Léo Pereira); Allan, Léo Ortiz (Erick Pulgar) e Gerson (Lorran); Luiz Araújo (Victor Hugo), Carlinhos (Pedro) e Bruno Henrique. Técnico: Tite.
Gols: Cadu (contra), aos 13, e Carlinhos, aos 23 minutos do primeiro tempo; Ayrton Lucas, aos 5, Hulk, aos 11 e aos 44, e Bruno Henrique, aos 22 do segundo.
Cartões amarelos: Ayrton Lucas e Bruno Henrique (Flamengo); Battaglia e Paulo Vitor (Atlético-MG).
Cartão vermelho: Rômulo (Atlético-MG).
Árbitro: Ramon Abatti Abel (SC).
Renda: R$ 2.343.051,88.
Público: 39.993 presentes.
Local: Arena MRV, em Belo Horizonte (MG).
* Com Estadão Conteúdo.