Seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que se refugiaram na Argentina a partir do 8 de janeiro de 2023, cerca de 200 brasileiros, buscam as mais diversas maneiras de sobreviver, como é o caso de Ueliton Guimarães, que hoje vende pastéis, coxinhas e caldo de cana em um pequeno restaurante bem próximo do Obelisco, um dos cartões-postais no centro de Buenos Aires.
Ueliton confidencia sua situação a clientes do local e, segundo alguns desses fregueses, ele relata que esteve preso por vários meses, usou tornozeleira eletrônica e, por fim, mudou-se para o país vizinho.
A reportagem de O Globo foi até o restaurante onde Ueliton trabalha. Alguns clientes acreditam que ele seja o dono. Ele não se encontrava, mas, seus colegas de trabalho demonstram certa “surpresa” quando são abordados sobre a investigação que recai sobre ele pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que o acusa de associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima e deterioração do patrimônio tombado, segundo o documento no qual é informado que o STF aceita a denúncia contra Guimarães, de 4 de maio de 2023.
Apesar da grave crise enfrentada pela Argentina, que passa por um forte aumento do custo de vida, Guimarães encontrou na venda de pastéis e caldo de cana sua fonte de sobrevivência. Cada pastel de queijo que ele vende custa 1.500 pesos (cerca de R$ 7,70) e muitos dos seus clientes são brasileiros e o português é o idioma predominante.
Guimarães diz que se mudou sozinho para a Argentina e tem como suporte emocional a religião. Em sua conta no Instagram ele não faz postagens políticas e, em alguns casos, compartilha com seguidores as orações que ele faz enquanto caminha pelas ruas da capital portenha, se apresentando como fotógrafo.
Enquanto o governo de Javier Milei, por meio do Conare (Comissão Nacional de Refugiados) não definir acerca dos 200 pedidos de refúgio apresentados pelos brasileiros acusados de envolvimento nos atos de 8 de janeiro, os seguidores do ex-presidente Bolsonaro buscam diferentes maneiras de se sustentarem.
Embora o Conare seja uma instituição autônoma, o bom relacionamento entre o presidente Javier Milei e o ex-presidente Jair Bolsonaro tem favorecido Guimarães.
A Argentina é tida como um país acolhedor para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro, o que explica o grande número de refugiados no país.