As forças dos EUA que ajudam a retirar afegãos desesperados para fugir do domínio do Taleban estão em alerta máximo para possíveis novos ataques, depois que um homem-bomba suicida do Estado Islâmico matar mais de 180 pessoas, incluindo 13 soldados norte-americanos do lado de fora dos portões do aeroporto de Cabul.
O general Kenneth Franklin McKenzie, chefe do Comando Central dos EUA, disse que os comandantes americanos estavam aguardando mais ataques do Estado Islâmico, incluindo possivelmente foguetes ou carros-bomba contra o aeroporto. “Estamos fazendo tudo o que podemos para estar preparados”, disse ele, acrescentando que parte da inteligência estava sendo compartilhada com o Taleban e que ele acreditava que “alguns ataques foram frustrados por eles”.
Duas explosões e tiros atingiram a área fora do aeroporto na noite de quinta-feira (26), disseram testemunhas. Um vídeo filmado por jornalistas afegãos mostrou dezenas de corpos espalhados ao redor de um canal na beira do aeroporto.
Só um homem-bomba atacou aeroporto de Cabul, diz Pentágono
Apenas um homem-bomba cometeu o atentado desta quinta-feira nos arredores do aeroporto de Cabul, informou o Pentágono nesta sexta-feira, corrigindo a declaração anterior sobre duas explosões separadas. “Não acreditamos que tenha havido uma segunda explosão no hotel Baron, ou perto dele. Foi apenas um homem-bomba”, declarou o diretor adjunto do Estado-Maior Conjunto, general Hank Taylor.
O general disse, ainda, que o ataque foi feito por um homem-bomba suicida nas proximidades do portão da Abadia, onde afegãos desesperados se aglomeravam. Após o ataque, tiros foram ouvidos.
Ainda existem 5.400 pessoas dentro do aeroporto esperando para serem retiradas do Afeganistão após o Taleban tomar o poder no país. Ainda segundo o Pentágono, as operações de retirada continuam ocorrendo sob “ameaças específicas e críveis” de grupos terroristas.
O atentado da quinta-feira matou 13 soldados americanos e ao menos 170 afegãos, de acordo com um funcionário do Ministério da Saúde, que falou sob condição de anonimato com a emissora ABC News. Entre os 170 mortos estariam 32 homens, dois meninos e quatro mulheres. A identidade das outras vítimas ainda não foi confirmada.
O ataque de quinta-feira foi o segundo mais letal para tropas americanas desde o início da ocupação e foi executado pela filial afegã do Estado Islâmico, conhecida como ISIS-K e rival do Taleban. O Estado Islâmico Khorasan foi criado há seis anos por dissidentes do Taleban paquistanês.
Biden
As forças dos EUA estão correndo para concluir sua retirada do Afeganistão até o prazo final de 31 de agosto definido pelo presidente Joe Biden. Ele diz que os Estados Unidos alcançaram há muito tempo seu objetivo original ao invadir o país em 2001: erradicar os militantes da Al-Qaeda e evitar uma repetição dos ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos naquele ano.
Biden disse que ordenou ao Pentágono que planejasse como atacar o ISIS-K, que assumiu a responsabilidade. “Não vamos perdoar. Não vamos esquecer. Vamos caçá-los e fazê-los pagar”, disse Biden durante comentários na TV na Casa Branca.
O secretário de Defesa britânico, Ben Wallace, disse que a ameaça de ataques aumentaria à medida que as tropas ocidentais se aproximassem de completar o enorme transporte aéreo e partir
O ISIS-K estava inicialmente confinado a áreas na fronteira com o Paquistão, mas estabeleceu uma segunda frente no norte do país O Centro de Combate ao Terrorismo em West Point afirma que o ISIS-K inclui paquistaneses de outros grupos militantes e extremistas usbeques, além de afegãos.
Os países ocidentais temem que o Taleban, que já abrigou a Al-Qaeda de Osama bin Laden antes de ser destituída do poder pela invasão liderada pelos EUA em 2001, permita que o Afeganistão se transforme novamente em um refúgio para militantes islâmicos. O Taleban afirma que não vai permitir que o país seja usado por terroristas.
Retirada continua
Os Estados Unidos continuarão com as retiradas no Afeganistão, apesar da ameaça de novos ataques. O ritmo dos voos acelerou na sexta-feira e os portadores de passaportes americanos foram autorizados a entrar no complexo do aeroporto, de acordo com um oficial de segurança ocidental dentro do aeroporto.
Nos últimos 12 dias, os países ocidentais transportaram cerca de 100.000 pessoas. Mas eles reconhecem que milhares serão deixados para trás quando as últimas tropas dos EUA partirem no final do mês.
Crescem as preocupações de que a população remanescente enfrente uma crise humanitária com a propagação do coronavírus e a escassez de alimentos e suprimentos médicos iminente. A Organização Mundial de Saúde (OMS) disse que espera estabelecer uma ponte aérea para a cidade de Mazar-i-Sharif, no norte, com a ajuda das autoridades paquistanesas para conseguir suprimentos médicos. (Com agências internacionais).