“Futebol e política não se misturam”. Esta frase, por mais batida e antiquada que seja, continua sendo proferida por muita gente. Na maioria das vezes, utilizada de maneira oportunista, por alguém que quer escapar de um questionamento ou um enrosco.
Mas as eleições municipais estão aí para provar o contrário. No pleito realizado neste domingo em todo o país, chamou a atenção a quantidade de candidatos ligados ao universo futebolístico. Ex-dirigentes, comentaristas e jogadores tentaram surfar na onda do esporte mais popular do Brasil para se elegerem. Alguns foram bem sucedidos, outros nem tanto.
O maior exemplo de sucesso talvez seja Alexandre Kalil. A ampla superioridade diante dos seus concorrentes indicada nas prévias se consolidou na hora H. O ex-presidente do Atlético se reelegeu como prefeito de Belo Horizonte com 63,36% dos votos, uma enorme vantagem sobre Bruno Engler, do PRTB, que terminou como segundo colocado com 9,95%.
Mas o título da Libertadores em 2013, as antigas provocações aos cruzeirenses e a identificação com os atleticanos não são a única resposta para a vitória de Kalil. Sua postura linha dura, principalmente, no combate à pandemia, fez muita diferença na hora do belorizontino ir às urnas.
Tanto que outro ex-presidente de um clube popular não se saiu bem. Eduardo Bandeira de Mello, que esteve à frente do Flamengo entre 2013 e 2018, terminou na sexta colocação nas eleições municipais do Rio de Janeiro. O bom trabalho da sua gestão na reconstrução financeira do rubro-negro não foi suficiente para fazê-lo conquistar a confiança dos cariocas. Bandeira de Mello também já havia fracassado na política anteriormente, quando concorreu a deputado federal em 2018 e não conseguiu se eleger.
Ceará (ex-Cruzeiro), Odvan (ex-Vasco), Marcelinho Carioca (ex-Corinthians), Carlinhos Bala (ex-Sport e Náutico) e Dinei (ex-Corinthians) estão entre candidatos que tiveram carreira consolidada nos gramados mas não conseguiram se eleger a vereador em vários cantos do país.
Diante disso, fica provado que ter sucesso com a bola nos pés ou a caneta em mãos já não faz tanta diferença. Futebol e política continuam se misturando, mas será preciso mais caso os boleiros queiram ingressar no sistema político brasileiro. Mirem-se no exemplo de Alexandre Kalil!
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
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