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Ganhamos mais de 2 milhões de jovens eleitores no Brasil: e agora?

Itabira

Foto: José Cruz/Agência Brasil

“Não tenho idade para tirar a carteira de motorista, mas tenho para votar”. Esse lamento é recorrente entre jovens de 16 e 17 anos, quando incentivados a tirar o título de eleitor. Mas, desta vez, parece que o argumento caiu por terra. E, que bom!

Na última semana (dia 5), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, divulgou o excelente resultado da campanha de estimulo à retirada do título de eleitor para jovens de 16 a 18 anos. O Brasil ganhou 2,4 milhões de votantes nessa faixa etária, o que representa um aumento de 47,2% em relação ao mesmo período de 2018 e, de 57,4% nos quatro primeiros meses de 2014.

Parabéns ao jovem brasileiro pela coragem! Agora, nasce outro desafio: a conscientização desses novos eleitores. Num país, onde a desinformação, mentira, polarização e ataque exacerbado à democracia predominam, formar jovens cidadãos conscientes é um dever de casa, que não cabe somente à família.

É claro que os pais têm uma responsabilidade enorme na formação de um eleitor consciente, mas, o voto não é a principal arma de combate à corrupção e outras mazelas que assolam o nosso país. Educar e abrir a cabeça dos jovens são obrigações dos órgãos públicos e escolas.

A juventude brasileira precisa ser levada a sério. Políticas públicas são necessárias. O incentivo à educação, esporte e lazer é uma pauta que deve entrar no plano de todos os representantes do povo. O que adianta uma campanha que estimule o adolescente a se habilitar para ir às urnas, se não há planos de ações para esses novos eleitores?

Acompanho a política há anos e sempre me considerei um moço engajado. Tanto que fui candidato a vice-prefeito aos 33 anos, depois de já ter ocupado alguns cargos públicos. Os meus amigos antigos pouco se envolveram. Da geração atual, sinto que o número de participantes ativos tende a ser ainda menor. Isso é muito sério!

Será que a falta de entusiasmo pelo assunto é à toa? Claro que não! Já repararam como esse planeta tá chato? Todo mundo tem uma bandeira, não um discurso voltado para a coletividade. O que vejo surgir? Políticos frouxos, medrosos e oportunistas. O posicionamento deve ser aquele que agrade a todos, algo que realmente caracterize uma convicção. Não uma convicção rasa, qualquer. Mas posicionamentos firmes, baseados em estudos, analises de números, dados e fatos reais. O que não falta, no cenário atual, são manifestações retiradas sabe-se lá de onde. Discursos por conveniência eleitoral.

Como um cenário desse pode fazer um jovem se interessar pela política? Na imprensa, as redes sociais de maior audiência são aquelas que provocam escândalos. É realmente desanimador.

E, agora, temos mais 2 milhões de jovens eleitores. O que vai mudar?

Gustavo Milânio é advogado.

O conteúdo expresso neste espaço é de total responsabilidade do colunista e não representa necessariamente a opinião da DeFato.

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