A mineradora e siderúrgica Gerdau anunciou a paralisação de suas atividades na usina de Barão de Cocais na tarde da última segunda-feira (27). O comunicado foi feito de maneira repentina a funcionários, à prefeitura de Barão de Cocais e à imprensa — pegando todos de surpresa com a informação.
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Barão de Cocais, uma demissão em massa afetará 487 trabalhadores da usina. O presidente do sindicato, Elizeu Santa Cruz, também divulgou à imprensa que a equipe foi dispensada ontem mesmo, no mesmo momento em que foi avisada da interrupção das atividades.
Um comunicado da empresa informou que a paralisação aconteceu por causa das atuais condições do mercado brasileiro de aço. Segundo a Gerdau, a companhia tem baixas condições de competir com outras empresas nesta produção devido aos altos custos de matérias-primas, à insuficiência da produção de ferro próprio em Minas Gerais e a uma falta de atualização tecnológica da usina em Barão de Cocais.
A reportagem da DeFato procurou a Gerdau no dia 22 de maio para confirmar relatos informais acerca da paralisação das suas atividades em Barão de Cocais. No mesmo dia, a assessoria de comunicação da empresa negou a interrupção das atividades na cidade, se limitando a dizer no e-mail que “Fiz a apuração e as informações não procedem”.
Após a repercussão dos fatos, a redação retornou a procurar pela Gerdau para questionar sua omissão e pedir mais detalhes sobre o motivo da denominada “hibernação”. Em resposta, a mineradora enviou uma nota de esclarecimento:
“A Gerdau confirma que ontem, 27 de maio (segunda-feira), implementou a hibernação da unidade de Barão de Cocais o que resultará na paralisação da operação na usina. A decisão é resultado de uma profunda análise da competitividade da planta, face às condições do mercado de aço no Brasil. Os custos elevados de matérias-primas e a insuficiência da produção de minério de ferro próprio, em Minas Gerais, somados à uma estrutura com menor nível de atualização tecnológica da usina, estão afetando diretamente a competitividade da unidade frente ao cenário desafiador do setor. A medida está em linha com o planejamento estratégico da companhia de otimização dos seus ativos.
A companhia está empenhada em conduzir esse processo de forma humanizada para minimizar o impacto para o público interno e comunidades vizinhas. A empresa buscará a realocação do máximo de colaboradores em outras unidades, além de oferecer programas de capacitação na área industrial para os profissionais e gestão com foco no empreendedorismo para a comunidade.A Gerdau reforça o seu compromisso com os colaboradores, as colaboradoras, a sociedade e segue com a manutenção de um diálogo aberto e transparente com todas as partes interessadas. A Gerdau ressalta ainda que o atendimento aos clientes se manterá inalterado”.
A prefeitura de Barão de Cocais também recebeu a informação com surpresa. Em um vídeo divulgado ainda na segunda-feira, pelo Instagram, o prefeito Décio dos Santos informou que recebeu representantes da mineradora e expressou sua insatisfação com a interrupção das atividades e com a maneira como ela foi feita.
“Eu acabei de reunir (sic) aqui com o gerente da Gerdau, da unidade de bairros locais, com mais pessoas da Gerdau, e que vieram aqui me avisar da hibernação da empresa. Pra mim é uma maneira velada de se falar em fechamento. Eu, sinceramente, disse a eles que nós, população de bairros locais, família Gerdau, nós nos sentimos traídos pela empresa”, diz em um trecho do vídeo.