Vítima de injúria racial em uma partida contra o Brusque-SC, o meia Celsinho, do Londrina, deixou seu gol na partida de ontem (1º), contra o Coritiba. Embora não tenha evitado a derrota no clássico paranaense, o tento marcado pelo meia foi simbólico, especialmente pela comemoração do jogador, que, de punhos levantados, realizou o conhecido gesto antirracista.
Não demorou muito tempo para que a imagem repercutisse nas redes sociais, gerando comoção em vários torcedores. Neste tipo de situação, é comum vermos algumas pessoas dizendo que o atleta, outrora vítima de racismo, respondeu à altura a injúria (no caso de Celsinho, um grito de macaco vindo das arquibancadas).
Mas devemos ter cuidado ao tirar essas conclusões. O gol, por todo o seu contexto, emociona e nos traz um certo consolo diante de mais um caso absurdo de racismo no futebol brasileiro. Mas ele nunca será uma resposta suficiente ao preconceito. Racismo se combate com punição, seja ela no âmbito desportivo ou judicial.
Quando consideramos que o gol da vítima foi equivalente ao xingamento a ela proferido, tratamos a ofensa racial como parte do jogo. Não é. Mais: e aqueles que não tiverem a mesma sorte de Celsinho e passarem em branco nos jogos seguintes? Serão tratados como fracos, derrotados?
Aliás, essa não foi a primeira vez que o meia do Londrina foi alvo de insultos racistas. Só neste ano já foram três. Uma estatística inacreditável, que deveria nos fazer acender o alerta máximo para o tema. O futebol brasileiro tem aprendido a lidar com seus inúmeros casos de racismo? E o que tem sido feito? Certamente será preciso mais do que um gol de cabeça.
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
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