A internet, desde que se popularizou e se tornou cada vez mais presente nas casas das pessoas, tem sido um terreno fértil para as mais variadas tentativas de golpes. Dessa vez, golpistas têm se passado por assessores de deputados e outros políticos para clonarem celulares das suas vítimas.
Os deputados estaduais Bernardo Mucida (PSB) e Bruno Miranda Torres Duarte, o Tito Torres (PSDB), alertaram recentemente para a tentativa de golpes utilizando os nomes deles. De acordo com os parlamentares, pessoas estão se passando por seus assessores e fazendo convites por telefones para falsos eventos — cuja confirmação acontece por meio de um link enviado via SMS ou mensagem por WhatsApp e, ao clicar neles, a vítima tem o seu número clonado.
“Há cerca de 20 dias, minha mãe recebeu a ligação de um número desconhecido no WhatsApp, mas com a minha foto. A pessoa disse que o meu antigo celular quebrou e pediu uma transferência por Pix. Minha mãe questionou e pediu que a pessoa falasse quem era a minha avó materna. A chamada foi encerrada”, conta Bernardo Mucida.
O deputado itabirano, ainda, disse que uma pessoa ligou para o Bernardo Rosa (Avante), advogado e vereador em Itabira, também se passando por um assessor parlamentar e convidando para um jantar. Para participar do encontro era necessário confirmar presença por meio de um link.
Desconfiado, Bernardo Rosa entrou em contato e relatou o ocorrido a Mucida, que utilizou as suas redes sociais para alertar sobre as tentativas de golpes. “Não fiquei sabendo de alguém que tenha sido vítima desse golpe, mas decidi fazer um alerta em minhas redes sociais e informar que nenhum dos meus assessores estão fazendo convites em meu nome”, destacou Mucida.
O também deputado estadual Tito Torres, que tem sua base eleitoral em João Monlevade, passou por situação parecida. Segundo ele “algumas pessoas receberam ligações de golpistas se passando por assessores da minha equipe. Faziam um convite para um evento em meu nome e pediam para confirmar a presença no link que seria enviado por SMS. Possivelmente com intenções de clonar o WhatsApp”.
Tito Torres tem relatos de pessoas que receberam essas ligações, mas ficaram desconfiadas e acabaram não caindo no golpe. “Ao tomar conhecimento fiz contato com a Delegacia Regional de João Monlevade para que fossem tomadas as devidas providências. Também divulguei, através de minhas redes sociais, para alertar as pessoas e evitar todos os transtornos que esse tipo de golpe traz”.
No início do ano, o secretário de Governo de Minas Gerais, Igor Eto, também precisou lidar com a situação. Ele usou a sua conta no Twitter para pedir que não clicassem em nenhum link enviado pedindo confirmação de participação em eventos do Governo do Estado, já que essa não é uma prática adotada pelo seu gabinete.
Esclareço que eu e meus assessores NÃO pedimos código para confirmar participação nos eventos realizados pelo governo.
Caso receba essa ligação, NÃO informe o código recebido e NÃO clique em nenhum link.
Cuidado!
— Igor Eto (@igoreto_) February 9, 2021
De acordo com a Polícia Civil, caso receba ligações ou mensagens suspeitas, é importante fazer uma ocorrência policial para se resguardar, além de comunicar ao suporte técnico do WhatsApp para denunciar a conta que tem sido usado para ações criminosas.
Estatística
Uma pesquisa da empresa de segurança da informação Kaspersky apontou que, em 2020, o Brasil foi o país mais atingido por tentativas de roubos de dados pessoais ou financeiros na internet — uma prática chamada de phishing.
Segundo o estudo, 19,9% dos internautas brasileiros tentaram, ao menos uma vez, abrir links enviados para roubar dados. No ranking, aparecem atrás do Brasil: Portugal (19,7%), França (17,9%), Tunísia (17,9%), Camarões (17,3%) e Venezuela (16,8%).
Conforme informações da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), entre janeiro e fevereiro de 2021, foi registrado aumento de 100% nos ataques de phisihing no país em relação ao mesmo período do ano passado. Já em relação aos golpes da falsa central telefônica, o aumento foi de 340%.
De acordo com a pesquisa Radar Febraban, seis em cada dez entrevistados se sentem inseguros — 41% pouco seguros e 21% nada seguros — com a proteção de seus dados pessoais na internet. Por outro lado, 5% se dizem muito seguros e 24% afirmar ter segurança.