O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em entrevista à Reuters, disse que a Vale está, desde março deste ano, “acéfala” e “sem ninguém com autoridade” para tratar assuntos de relevância aos interesses nacionais.
Segundo Silveira, a situação dificulta a conclusão de um acordo entre a Vale, BHP e Samarco, com autoridades federais e estaduais para reparação e compensação pela tragédia do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, ocorrida em 2015.
“Me preocupa inclusive uma postura da Vale, que parece que só vai mudar, infelizmente, na hora que tivermos que aplicar medidas e sanções mais duras na empresa. E se necessário até avaliar a legislação brasileira nesse sentido, dela mudar a postura arrogante dela com relação ao Brasil”.
A afirmação se deu durante visita ao Estado do Sergipe na quarta-feira (24).
“Não deveria ser assim, mas o fato de a companhia estar acéfala é evidente que está atrasando esse acordo por Mariana. A Vale deixou de ser mineradora e passou a ser quase exclusivamente vendedora de infraestrutura, não explorando ativos estratégicos no país”.
O ministro ressaltou estar muito atento à postura da maior mineradora do país, que está se posicionando mais monopolista, que passou a comercializar esses ativos com investidores internacionais e distribui esses dividendos sem nenhum critério estratégico convergente com o interesse do país.
Tem sido frequentes as críticas de Silveira e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a mineradora e sua gestão, num momento em que a empresa trabalha o processo de sucessão do seu presidente.
“Desde que anunciaram a saída do atual presidente, a gente sabe bem como isso acontece, a Vale ficou sem alguém com autoridade para tratar assuntos relevantes ao país. Está passando inclusive do limite da razoabilidade a forma e a condução da direção da Vale com esses assuntos que precisam ser resolvidos, e eu vou te afirmar que está muito próximo do limite da tolerância”.
A Vale preferiu não comentar as falas do ministro, mas disse que “está engajada com autoridades para estabelecer um acordo sobre o desastre de Mariana, de forma que garanta reparação justa e integral às pessoas atingidas e ao meio ambiente”.