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Greve de caminhoneiros é aprovada, mesmo com a classe dividida

Bolsonaro pede para caminhoneiros não entrarem em greve na segunda

Foto: Divulgação

Apesar do apelo do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), feito aos caminhoneiros, nessa quarta-feira (27), os sindicatos da categoria afirmaram a greve está mantida. Um ofício enviado ao governo federal pelo Conselho Nacional de Transportes Rodoviários de Cargas (CNTRC) confirma a paralisação para esta segunda-feira (1º), caso as reivindicações da categoria não sejam atendidas.

O grupo sindical afirma ter 40 mil filiados em 22 estados brasileiros. Além disso, a categoria enviou um ofício para o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) com o informe de que a greve terá início, por período indeterminado, em 1º de fevereiro.

No ofício, assinado pela diretoria executiva do CNTRC, a categoria deixa clara a insatisfação com a Petrobras acerca do aumento do preço do diesel. Para eles, a política de preços é “conscienciosamente lesiva” para o mercado doméstico e o setor de transporte. Ainda assim, segundo o CNTRC, mesmo durante a greve 30% do total dos trabalhadores continuarão trabalhando.

Entre as demandas dos caminhoneiros, estão uma aposentadoria especial para o setor, piso mínimo estabelecido para frete e fiscalização mais atuante da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

Apoio

A Associação Nacional de Transporte do Brasil (ANTB) também confirmou participação na greve. De acordo o presidente da ANTB, Jose Roberto Stringascida, em entrevista à CNN Brasil, a política de preço dos combustíveis é um fator relevante para a paralisação da categoria.

“O reajuste no preço [do combustível] precisa ser no mínimo a cada seis meses. O ajuste semanal torna impossível o trabalho dos caminhoneiros”, disse Stringascida.

O protesto dos sindicatos ocorre na mesma semana em que a Petrobras anunciou mais um reajuste de 5% no preço da gasolina. Com isso, o combustível acumula alta de 13,4% em 2021. O diesel também será reajustado em 4,4%. Na tentativa de desmobilizar a greve, o presidente Jair Bolsonaro deve anunciar, em breve, a redução do PIS/Cofins que incide sobre o óleo diesel.

Ministério da Infraestrutura não acredita em greve

Para o Ministério da Infraestrutura, o CNTRC não é a única entidade de classe representativa e não tem o direito de falar para falar em nome do setor. E nota oficial, o Ministério destaca ainda que a classe tem uma representatividade difusa e fragmentada. Veja a nota na íntegra:

O Ministério da Infraestrutura esclarece que o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) não é entidade de classe representativa para falar em nome do setor do transporte rodoviário de cargas autônomo e que qualquer declaração feita em relação à categoria corresponde apenas à posição isolada de seus dirigentes. O MInfra reforça necessidade de entender o caráter difuso e fragmentado de representatividade do setor, seja regionalmente, seja pelo tipo de carga transportada, antes de divulgar qualquer informação referente à categoria. Nenhum associação isolada pode reivindicar para si falar em nome do transportador rodoviário de cargas autônomo e incorrer neste tipo de conclusão compromete qualquer divulgação fidedigna dos fatos referentes à categoria.

Divisão de classe

O movimento de greve geral vem sendo convocado por entidades como o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) e a Associação Nacional de Transporte do Brasil (ANTB). No entanto, outros representantes da categoria, como a Confederação Nacional dos Caminhoneiros e Transportadores Autônomos de Bens e Cargas (Conftac), não aderiram ao ato.

A Conftac decidiu, em uma reunião na última segunda-feira, não apoiar a paralisação por causa dos riscos de contágio pelo novo coronavírus e de um possível desabastecimento no país. Em nota oficial, a entidade afirma que não reconhece o CNTCR como entidade representante dos caminhoneiros.

De acordo com o presidente da Conftac, José da Fonseca Lopes, que também é presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam) e foi uma das lideranças na greve de 2018, é preciso esperar as decisões que serão tomadas pelo governo federal até amanhã (30).

“É quando o governo vai tomar uma decisão. Tudo aquilo que o presidente prometeu quando era candidato, ele não cumpriu. Se não tem como resolver de um momento para o outro, pode-se começar a montar um esquema de trabalho para dar fôlego para o caminhoneiro”.

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