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Grupo de teatro da Vila Amélia fará a 54ª encenação da Paixão de Cristo

Foto: Jackson faustino/DeFato

Itabira tem uma tradição religiosa específica de meio século. Trata-se da encenação da Paixão de Cristo.  Um grupo de teatro amador do bairro Vila Amélia é responsável por essa façanha histórica. A trajetória da autêntica epopeia cristã começou em 1970. Um total de 120 pessoas entre diretores, atores e atrizes faz parte da atração. Um grande número de moradores da comunidade também atua como figurantes. O ex- padre José Ivanir Américo foi o idealizador da iniciativa. No início dos anos 1970, o sacerdote começou a sua missão apostólica na igreja de Nossa Senhora de Fátima da localidade. A criação de um grupo de jovens foi o primeiro passo para uma interação mais concreta com a população. Essa iniciativa resultou na formação do grupo teatral.   

A representação da tragédia do Gólgota se desenvolve nas escadarias do templo religioso e imediações.  Esse cenário natural se mantém no local por mais de cinco décadas. Houve apenas uma exceção. Em 2007, a peça foi exibida na Avenida Mauro Ribeiro Lage, ao lado do Santuário de São Geraldo. A novidade foi um sucesso de público: cerca de dez mil pessoas acompanharam o evento. 

O popular padre Ivanir é uma figura de destaque no enredo. A desistência da vida eclesial jamais impediu a sua presença no cenário. O seu desempenho como narrador é fundamental para o êxito da atração. A voz clara e pausada sempre emocionou a plateia. Esse ano, porém, o religioso não estará presente. Um tratamento de saúde é a causa da ausência.

O ator Eustáquio Liberato Coelho e a atriz Maria da Conceição Santos relembram os 54 anos do grupo. Eles estão na companhia teatral desde a fundação. Os dois estiveram no programa “Sala de Visitas” da TV DeFato e revelaram detalhes da peça ao longo dos tempos, recordaram algumas passagens inusitadas e indicaram os segredos da longevidade dessa manifestação artística itabirana.

Eustáquio encarna um papel ícone na dramaturgia. Ele representa Judas Iscariotes, o grande vilão da trama.

Como funciona Judas nesse espetáculo?  

“Judas vivencia dois momentos. No primeiro instante, ele é irreverente, sarcástico e irônico.  Depois, vai para a introspecção e começa a refletir sobre sua atitude. O arrependimento faz com que ele fique mais contrito. No auge do arrependimento, ele joga moedas para o alto”, detalha Liberato.

Maria da Conceição Santos, que participa desde a estreia, há 54 anos, explica a motivação para padre Ivanir produzir uma extensa obra literária sobre o drama do Calvário. “Na época, o padre Ivanir criou um grupo de jovens. Ele escreveu e produziu a peça teatral. Esse projeto cresceu e tomou uma dimensão tão grande que, hoje em dia, cada ator já sabe espontaneamente o seu texto. O objetivo inicial do sacerdote era a evangelização das crianças e dos pais delas”, esclarece Conceição.

Assista a entrevista completa

 

 

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