Em meio a polêmicas relacionadas a cachês de shows, o cantor Gusttavo Lima fez um pronunciamento sobre o assunto durante uma live no Instagram. Ele se defendeu das acusações de possíveis irregularidades, disse que estava com vontade de sumir e alegou estar cansado. “Ultimamente eu venho levando tanta pancada. E venho aguentando calado tudo isso”, desabafou na segunda-feira (30).
Conforme informações do Estadão, divulgadas também na segunda-feira, o deputado André Janones (Avante-MG), pré-candidato à Presidência, destinou R$ 1,9 milhão em recursos de uma emenda parlamentar para promover uma festa com o próprio Gusttavo Lima e outros cantores sertanejos. Além disso, o cantor também se viu no centro das discussões sobre os pagamentos milionários de shows com recursos públicos — com destaque para os contratos assinados com a Prefeitura de Conceição do Mato Dentro, no valor de R$ 1,2 milhão, e com a Prefeitura de São Luiz, em Roraima, no total de R$ 800 mil.
No decorrer da live, o cantor afirmou estar sendo vítima de “perseguição e inverdades”. Ele ainda relatou estar abalado emocionalmente. “Estou aqui com a minha mão suando… Vocês sabem da índole que eu tenho, do caráter que eu tenho”. Em seguida, Lima pautou o assunto referente à dinheiro público.
O cantor refutou as queixas feitas contra ele, afirmando nunca ter compactuado com irregularidades. Sobre festas contratadas por municípios, Gusttavo Lima disse que o preço é justo, pois enxerga como uma maneira de valorizar a arte. Ele destacou que não faz distinção entre shows privados e públicos. “Não é porque é uma prefeitura que vou deixar de cobrar o meu valor”.
Na sequência, ele alegou ser “um trabalhador como qualquer outro”, ressaltando que possui mais de 500 funcionários diretos. E que os bens materiais que ostenta são oriundos de trabalho e dedicação.
Durante o relato, Lima também chegou a afirmar que as festas públicas das quais participa representam uma minoria em sua agenda. “Sou um cara que faz poucos shows de prefeitura. E quando a gente faz algum, a gente é massacrado como bandido, como se fosse um ladrão que estivesse roubando dinheiro público. E não é isso”. Com relação aos preços dos contratos, ele disparou que não haverá mudanças. “O meu valor é um, e não vai mudar”.
No fim da transmissão, com aproximadamente 20 minutos de duração, Gusttavo Lima chorou, lamentou que estava ao “ponto de jogar a toalha” e pediu cautela sobre as informações envolvendo o nome dele.
Entenda
Nas últimas semanas, meios de comunicação de todo o Brasil vem questionando os cachês milionários cobrados por artistas sertanejos das prefeituras municipais. Também está sendo levantado um possível uso irregular da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), por parte de cidades mineradoras, como Conceição do Mato Dentro, para o custeio dessas apresentações, já que esses recursos, conforme dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), devem ser utilizados para “projetos que, direta ou indiretamente, revertam em prol da comunidade local, na forma de melhoria da infraestrutura, da qualidade ambiental, da saúde e educação”.
A polêmica sobre os cachês dos shows teve início após declarações do cantor Zé Neto, que faz duo com Cristiano, sobre a Lei Rouanet e a cantora Anitta durante uma apresentação em Sorriso, no Mato Grosso — onde a dupla recebeu R$ 400 mil pelo show, pagos pela Prefeitura local com dinheiro público. Desde então, os altos valores cobrados pelos músicos sertanejos começaram a chamar a atenção e a serem questionados.