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Haitiana relembra a dor de não poder falar com os filhos no último Dia das Mães 

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A única foto que Hernante tem dos filhos Ivanot Jean

“Eu fico pensando em todas as dificuldades que eu passei, mas a pior dor de ficar longe dos meus filhos eu senti no último Dia das Mães, quando não consegui pela primeira vez falar com eles nessa data (12 de maio). Esse também foi o dia do meu aniversário”. O relato é da Hernante Valcourt, de 33 anos, e o marido llnez Jean, de 45 anos, moram em Itabira e lutam há vários anos para trazer os filhos Ivanot Jean, de 13 anos, e Jowendy Sajoux, de 16, do Haiti para o Brasil.   07

A DeFato Online começou a contar o drama do casal na última sexta-feira (5). Os pais vieram para o Brasil após o terremoto que devastou o país em 2010, mas até hoje não conseguiram o dinheiro nem os documentos necessários para trazer os dois meninos.

Hernante e o marido Ilnez Jean moram no bairro Penha, em Itabira

 

“Fiquei muito triste, muito triste porque não consegui falar com eles. A gente tem que ser forte e fingir que não está sofrendo, mas eu estou, e muito”, conta a haitiana. Hernante disse que o maior desejo é trazer os dois de uma vez e tê-los juntos em família. “São cinco anos sem vê-los. Toda mãe sabe o que eu estou dizendo. Não é fácil”, expressa. A luta diária de Hernante requer força e coragem, principalmente para uma mulher que já teve de encarar muitas perdas.

Terremoto marca história de haitianos com perdas e sofrimento

A haitiana Hernante conta que perdeu muitos parentes e amigos no terremoto. Foram tias e tios, primos e conhecidos que estavam na capital Porto Príncipe no dia da tragédia, 12 de janeiro de 2010. “Foi Deus quem protegeu minha família. Naquela data nós estávamos na República Dominicana para ver minha avó. Eu estava sentada com meus filhos conversando na hora do terremoto e nem senti nada. Quando o sinal de telefone caiu, pensei o que poderia estar acontecendo”, lembra. Na cidade onde a família morava, Plateau Central, vizinha à República Dominicana, foram sentidos apenas os tremores.

Porto Principe (Haiti) – Militar da Minustah nas ruínas do Mercado Le Salines, em Bel-Air- Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Somente no dia seguinte (13 de janeiro), que Hernante ficou sabendo pelo noticiário que o terremoto tinha destruído Porto Príncipe. “Foi muito triste, muita gente perdeu a casa e tudo que tinha dentro. Gente que morreu, perdeu braço, perna, a terra sobre as pessoas. Uma prima perdeu um braço”, conta.

Porto Principe (Haiti) – Crianças haitianas na cidade de Cité Soleil

Segundo Hernante, a capital era o lugar onde os haitianos iam em busca de uma vida melhor. “Com a destruição, acabou também a nossa esperança para um futuro melhor para os nossos filhos. “Aí meu marido começou a pensar em deixar o país”, lembra. Ilnez veio para Itabira em 2011 trabalhar na construção. Em 2014, foi a vez de Hernante. Desde então, o casal luta para conseguir trazer Ivanoty e Jowendy.

Leia amanhã como o Casal de haitianos busca ajuda do poder público para trazer filhos para Itabira

 

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