Os bons números da segurança pública em Itabira e região, divulgados na última quinta-feira (3), não foram suficientes para diminuir os apelos da Polícia Civil, representada por seu delegado regional Helton Cota, pela construção ou reativação do presídio na cidade. No evento realizado na sede do batalhão itabirano da Polícia Militar há três dias, Helton, assim como o promotor de justiça Jorge Victor, alegou que a queda expressiva em vários índices da criminalidade em Itabira não descartam a necessidade do projeto, hoje rejeitado pela gestão Marco Antônio Lage (PSB).
“Esses números nada tem a ver com a presença ou ausência do presídio. Como eu disse anteriormente, a gente passa por diversas dificuldades para chegar a esses números positivos. Uma delas, para a Polícia Civil, sem sombra de dúvidas é a ausência do presídio. Te dou um exemplo de hoje (quinta-feira): agora eu estou com quatro presos na delegacia, e três homens nós teremos que deslocar viaturas para Timóteo, Barão de Cocais e João Monlevade. Ou seja, hoje não tem investigação policial em Itabira. Não tem nossa atividade finalística, porque estamos fazendo atividades dos policiais penais, que aqui não existem”, pontua.
Segundo Helton, a ausência do presídio não garante, por exemplo, a manutenção dos bons números divulgados na quinta-feira. “Então eu, em nome da Polícia Civil, reitero mais uma vez que é extremamente importante e primordial a existência de um presídio aqui na cidade. Sem o presídio, a gente não garante que esses números ficarão bons, estamos fazendo todo o esforço possível e impossível, mas não depende só da gente. Como bem disse o doutor Jorge, também precisamos trazer o município para o nosso lado. Já temos essa conversa prévia acordada, no sentido de trazer esforços para a instalação do presídio, para trazer a instalação de um circuito de monitoramento interno, que é um recurso extremamente importante para a apuração de crimes, especialmente homicídios. Estamos trabalhando nesse sentido, mas precisamos sim de um presídio na região”, acrescenta o delegado.
Debate antigo
A construção, ou reativação, do presídio em Itabira é pauta na cidade há um longo tempo. Enquanto alguns vereadores, como Rose Félix (MDB), Bernardo Rosa (Avante) e Neidson Freitas (MDB), e entidades ligadas à segurança pública – como a OAB e a Polícia Civil – defendem a obra, a gestão Marco Antônio Lage (PSB) tem se mostrado irredutível.
Em maio, Bernardo Rosa, que também atua como advogado, apresentou um requerimento à Câmara cobrando da Prefeitura a relação de terrenos disponíveis para a construção do presídio local. Embora o documento tenha sido aprovado por unanimidade pelos vereadores, o parlamentar, integrante da base governista na Câmara, ainda não obteve respostas.
O espaço foi desativado em 2019, por estar na área de mancha da Barragem do Itabiruçu, controlada pela Vale. Anteriormente, a gestão Ronaldo Magalhães (União Brasil) havia aceitado a construção de um presídio de grande porte em Itabira, com 600 vagas. No entanto, Marco Antonio recusou o investimento, estimado em R$ 25 milhões.