Horário de verão tem manifesto contrário de pesquisadores de cronobiologia

Cronobiologia é a ciência que estuda os ritmos e fenômenos biológicos

Horário de verão tem manifesto contrário de pesquisadores de cronobiologia
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Acirram-se as discussões sobre o possível retorno do horário de verão no Brasil, como pretendem alguns membros do governo Lula.

Cientistas da área de cronobiologia, 26 deles, elaboram um manifesto contra a medida, fundamentados em estudos que sugerem malefícios à saúde que superam os benefícios e até os resultados pretendidos.

A cronobiologia é a ciência que estuda os ritmos e os fenômenos biológicos.

Adotado pela primeira vez no Brasil em 1931, a prática se tornou a regular a partir de 1985, quando os relógios passaram a ser adiantados em uma hora todos os anos, até seu cancelamento em 2019.

Sua criação foi feita a partir de uma suposta economia de energia, buscando alinhar as atividades do dia às horas da luz natural, medida questionada por esses cientistas, que explicam que os ritmos biológicos humanos estão profundamente conectados ao ciclo natural de luz e escuridão, com regulação automática das funções essenciais, como sono, apetite e até mesmo o humor.

“A introdução do horário de verão mudaria todo esse comportamento, tornando a sincronização confusa, forçando com que o organismo se ajuste a um novo “horário social”, que pode resultar em problemas de saúde”, diz trecho do documento assinado por pesquisadores de diferentes instituições, como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Universidade de São Paulo (USP).

Os cientistas vão mais longe e apontam que os efeitos negativos do horário de verão podem causar distúrbios do sono, aumento de eventos cardiovasculares adversos, transtornos mentais e cognitivos, e crescimento do número de acidentes de trânsito nos primeiros dias da mudança.

Os manifestantes ainda mencionam um estudo realizado pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em 2017, que fez ampla abordagem sobre a forma como lidamos com a mudança do horário.

A pesquisa da UFRN foi feita por questionamentos online, analisando mais de 1.200 participantes sobre seus horários habituais de dormir e acordar, indagando também sobre o que pensam do horário de verão. Mais de 50% das pessoas relataram passar por algum tipo de desconforto até o retorno do horário tradicional.

Os pesquisadores salientam que o posicionamento expresso no manifesto é baseado em evidências científicas, sem conotação política, indicando que para preservar a saúde e o bem-estar, o ideal é manter a alteração nos horários fora dos planos.

* Fonte: Estadão