Reputação, morosidade na aprovação do licenciamento ambiental e falta de investimentos em pesquisa são alguns dos desafios do setor mineral brasileiro apresentados pelo diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann, em painel na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023 (COP28).
A palestra aconteceu na quarta-feira (6) e contou com a participação de Faustine Delasalle, CEO da Mission Possible Partnership, Patricia Ellen, cofundadora da Aya Earth Partners, e Marcelo Pasquini, diretor de Sustentabilidade do Bradesco.
O presidente do Ibram exibiu números sobre a indústria mineral. “O Brasil produz atualmente 1,2 bilhão de toneladas de minérios por ano. O faturamento da indústria mineral em 2021 foi de R$ 339 bilhões. Somos responsáveis por 30% do saldo da balança comercial brasileira e empregamos mais de dois milhões de pessoas”, afirmou.
Mesmo os minérios sendo fundamentais para a vida moderna, Raul Jungmann assegurou que o setor mineral não é percebido pela sociedade. “Um exemplo é que tudo o que estamos utilizando aqui neste evento é oriundo da mineração, mas poucas pessoas sabem disso”, enfatizou.
Segundo Jungmann, é necessário destravar o que limita o crescimento do setor no Brasil. “A morosidade no licenciamento ambiental é um dos fatores. A preocupação com a sustentabilidade é fundamental e nós buscamos maior fiscalização neste sentido. Porém, o Estado dispõe de pouca gente, tem uma capacidade baixa de processamento, e isso faz com que os processos demorem anos para serem aprovados. Isso infelizmente prejudica a competitividade internacional”, analisou.
O presidente do Ibram ainda lembrou da necessidade de melhorar os mecanismos de financiamento para o setor, com criação de novas alternativas de crédito, principalmente focadas no estágio inicial dos projetos. “O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deve apresentar um fundo que irá financiar a pesquisa e o desenvolvimento de projetos. Isso pode significar um bom sinal”, finalizou.