Na tarde da última segunda-feira (13), o secretário municipal de Obras, Danilo Alvarenga, prestou contas da pasta na reunião de comissões da Câmara Municipal. E os inúmeros problemas relacionados à Avenida Machado de Assis, entregue na gestão Ronaldo Magalhães (PTB), entraram, obviamente, na pauta do encontro.
Danilo classificou as obras corretivas na avenida como o “principal problema” da secretaria. A princípio, acreditava-se que se tratava de algo relacionado à base e sub-base do trecho, mas os transtornos parecem ir muito além.
“É uma situação complexa. Quando chegaram para fazer essa manutenção que iniciou, existia uma metodologia que era um problema de base e sub-base. Essa foi a questão inicial. ‘Vamos atacar o problema que é só tirar o asfalto, retirar a base e sub-base, fazer compactação, pintura de ligação, colocar um material melhor…’. Passamos uma régua, que mede a parte da umidade, e havia alguns pontos com índices acima do permitido para o asfalto suportar. Não é que o asfalto dissolve, é que a base não aguenta a drenagem, não tem a drenagem certa, ela passa para cima do asfalto e o asfalto, úmido, quebra”, disse Danilo.
“Então quando foram iniciadas essas obras corretivas, previam gastar 280 toneladas de asfalto, aproximadamente. E começaram a fazer e a fiscalização em cima, mas foram executando. Quando chegou em um ponto, notaram que estava mais molhado que o normal, que não era um problema só de base e sub-base.”
Além da indefinição sobre o real problema da avenida e de quem é a responsabilidade, há, ainda, outro impasse: a Geoconsult, responsável pelo projeto da avenida, está resistente em se envolver com as ações de reparo. Tudo por conta de uma discordância envolvendo a quantidade de asfalto a ser utilizada nos trabalhos.
“Foi quando acionamos a empresa que fez o projeto da obra, já nessa fase dos buracos abertos. E a empresa falou: ‘até 280 toneladas de asfalto eu entro’, mas deu aproximadamente 700. Aí ela falou que não iria, porque a culpa é recíproca, o município deixou de prever no projeto algumas questões essenciais da drenagem, que não tem no local. Acionamos a empresa projetista e ela confrontou o projeto dizendo: ‘esse aqui não é meu projeto. Meu projeto tinha drenagem profunda e superficial’”, complementou o secretário de obras.
Diante deste “jogo de empurra”, a Prefeitura irá abrir um processo de licitação para contratação de empresa terceirizada que fará um diagnóstico sobre a Machado de Assis. A resolução do impasse envolverá, ainda, o Ministério Público, para quem será enviado um relatório contendo as ações feitas pelo executivo para combater o problema, afirma Danilo Alvarenga.
“Nós não podemos demorar muito tempo em garantir a trafegabilidade da via, ela tem que estar pronta. O município vai executar, sim, com a operação tapa-buracos, vamos evidenciar todos os gastos. Teremos uma reunião com o Ministério Público sobre essa avenida também, justamente para nos precaver e precaver a empresa”.
“A Geoconsult é a empresa que faz os projetos da Prefeitura. Teoricamente, ela também está envolvida em todo o processo. Então ela não poderia falar qual era o problema, porque às vezes não tem nem relação com o projeto dela. Então contratamos uma terceirizada, acredito que em duas semanas já estaremos com essa empresa contratada, para ela passar o diagnóstico e qual será o projeto corretivo. Estamos convictos de que os buracos serão tampados e daqui a pouco estarão abertos de novo”, explica Danilo.
Questionado por Marcelino Guedes (PSB) se há risco da perda de garantia, estimada em cinco anos, caso o município realize os reparos na avenida, Danilo Alvarenga foi taxativo. “De forma alguma. Tudo que tem sido feito está sendo evidenciado, com acompanhamento da empresa. Eles estão acompanhando todos os passos da obra, inclusive viriam pra testar o asfalto e mostrar o que está sendo feito, para não perder a garantia, pois são responsáveis, sim.”
Responsabilidade múltipla
Um dos vereadores a se pronunciar, Reinaldo Lacerda (PSDB) afirmou ter enviado à Secretaria de Obras, em janeiro, um documento exigindo explicações sobre os problemas da avenida.
“É claro que o Danilo não estava como secretário de Obras, mas no dia 7 de janeiro protocolei um documento cobrando exatamente o que está bem claro. Toda obra e todo projeto tem o termo de RT (Responsabilidade Técnica), assinado pelo engenheiro responsável. E queiram ou não, tanto a pessoa que fez o projeto, a empresa que fiscalizou e a empresa que executou, são solidárias”, pontuou.
“Como eu disse na reunião da semana passada, e volto a dizer, o maior inimigo do político é o tempo. E quando mandei lá atrás, no dia 7 de janeiro, um pedido de laudo técnico para falar qual era realmente o problema, se perdeu seis meses”.
Ainda segundo o vereador, as 700 toneladas de asfalto não seriam suficientes para resolver a situação. “E qual é minha preocupação? Estamos falando aí de 700 toneladas de asfalto… pelo conhecimento que tenho de obras, se usar um asfalto desse aí é como rasgar dinheiro, na primeira chuva estraga tudo. E quando fala em dreno, a empresa também deveria ter falado que estava faltando dreno. Se ela notificou, realmente ela tira a responsabilidade dela. Mas se não notificou, ela é solidária”, reforçou Reinaldo.