Os moradores da rua Limeira, no bairro Ribeira de Cima, em Itabira, convivem há anos com um sério problema: toda vez que chove, a rua é inundada pela água, que invade residências, deixando lama e causando a perda de móveis e eletrodomésticos. Mesmo com o caso sendo relatado para diversas autoridades municipais, a situação persiste — inclusive, na última quinta-feira (19), após um temporal atingir a cidade, a enxurrada voltou alagar a via e causou prejuízos. Procurada pelo portal DeFato, a Prefeitura Municipal informou que fará uma nova rede pluvial no local para evitar que novas inundações aconteçam.
Darlan Pereira, um dos moradores que teve o seu imóvel tomado pela água e lama, relatou a situação com a qual a sua família convive. “Não é primeira vez que acontece, já aconteceu diversas vezes. Nós corremos atrás, fomos na Prefeitura e procuramos a Secretaria de Obras, mas eles não resolveram. Tivemos que procurar o Ministério Público. Aí eles [Prefeitura] vieram e fizeram uma canalização, próxima à minha casa, mas a canalização que eles fizeram não é adequada para a quantidade de água que desce na rua. Então, toda vez que chove acontece isso que vimos hoje [quinta-feira]. Essa é a terceira vez que eu perco tudo”, lamenta.
“Nós estamos sem condições de ficar aqui. A Prefeitura precisa dar um jeito, tirar a gente daqui e arrumar uma solução. Do jeito que está, não tem como continuar vivendo aqui, tá difícil”, destaca Darlan Pereira.
Problema antigo
Como relatado por Darlan, o alagamento da última quinta-feira não foi um fato isolado. Documentos apresentados à DeFato mostram que a situação vem sendo apresentada para as autoridades municipais desde 2010. “Tenho vários ocorrências da Defesa Civil, do Corpo de Bombeiros e não resolve nada. Eu fui na Ouvidoria da Prefeitura e eles ainda não me deram uma resposta. Eu conversei com o ouvidor, eles ficaram de me dar uma solução e até agora nada”, conta.
Em 2010, um laudo de vistoria da Defesa Civil apontou que um imóvel na rua Limeira foi “invadido por grande quantidade de água e lama, que atingiu todos os cômodos da casa. Devido ao volume da chuva ocorrida, a boca lobo existente no lote ao lado não comportou a captação das águas”.
Após esse fato, Darlan Pereira recorreu ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) em busca de uma solução ao problema. Ainda 2010, foi determinado que a Prefeitura de Itabira realizasse as intervenções necessárias no local. Porém, o serviço acabou sendo realizado em meados de 2013 — após processos licitatórios desertos e uma nova determinação da Promotoria para que o Executivo fizesse a obra por meios próprios.
Apesar da intervenção na rede pluvial, as enchentes continuaram a acontecer. Em 2018, uma ocorrência registrada junto ao Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG) voltou a destacar o problema: “com o sistema urbano de saneamento ineficiente, entupido por galhadas, acabou provocando uma inundação na casa da solicitante, o que provocou um acúmulo de água e barro de aproximadamente vinte e cinco centímetros de altura em toda residência, danificando tudo que se encontrava ao nível do piso e que não poderia entrar em contato com água”.
Em abril de 2022, ainda sem uma solução efetiva, Darlan Pereira recorreu à Ouvidoria Municipal, quando solicitou a “instalação de boca de lobo em frente a sua residência e no vizinho da frente, pois quando chove a água pluvial e o esgoto vai para dentro da sua casa”. Na solicitação, ele também destacou a necessidade de que o serviço fosse feito “o quanto antes, pois sua residência fica inundada de água e ele já perdeu a maioria dos móveis”.
Outro lado
Procurada pelo portal DeFato, a Prefeitura de Itabira afirmou que foram realizadas vistorias técnicas na rua Limeira e constatado que não há problemas na sua rede pluvial — mas que o atual sistema não consegue suportar grande volume de água, como registrado na última quinta-feira. Dessa forma, o governo Marco Antônio Lage garante que resolverá o problema. “Técnicos da Secretaria Municipal de Obras, Transporte e Trânsito (SMOTT) estiveram na rua Limeira, no bairro Ribeira de Cima, e constataram que a rede pluvial não está com nenhum tipo de obstrução. Mas, devido ao grande volume de água em curto espaço de tempo, decorrente da chuva de ontem (19), no final da tarde, a rede não aguentou. A SMOTT irá construir uma nova rede pluvial para dar suporte a que já existe no local”, diz trecho do posicionamento.
“A atual rede é de 600 milímetros e a SMOTT fará uma nova de 800 milímetros para solucionar o problema. No entanto, o contrato entrará em vigência, após o processo de licitação de infraestrutura, que ainda está em andamento”, complementa.
A Defesa Civil Municipal, que esteve no local na quinta-feira, também se posicionou sobre a situação: “Trata-se de duas famílias que sofreram com alagamentos incluindo lama e detritos provenientes da drenagem urbana da rua Limeira. A Defesa Civil foi acionada. Estivemos no local relatamos o ocorrido. Não houve vítimas, mas houve perda material. Do ponto de vista estrutural não houve riscos pós-acontecimento, mas acionamos a Assistência Social para acompanhamento do caso. Segundo a Assistência Social, as famílias resolveram continuar na própria residência, pois iriam limpar e não queriam sair. Foram doados edredons, pois as roupas de cama molharam”.
“Estamos elaborando os relatórios de vistorias, com relatório fotográfico, e serão encaminhados para a SMOTT e o SAAE [Serviço Autônomo de Água e Esgoto] para avaliação do caso, uma vez que segundo relatos dos moradores a rua Limeira vem apresentando problemas do tipo há alguns anos”, acrescenta a Defesa Civil.