No final da década de 1980, a sociedade itabirana tomou conhecimento de uma informação em forma de pânico e apreensão. A antiga Cia Vale do Rio Doce (CVRD) sinalizou que as minas de ferro (conteúdo da mineral hematita e a rocha itabirito) entrariam num processo de exaustão em 2025.
A partir do início da década de 1940, a cidade registrou intenso crescimento socioeconômico. A descoberta da maior jazida de ferrosos do planeta foi um alento para a população. Com isso, a velha Mato Dentro se transformaria em novo eldorado, ou Vila de Utopia, conforme destacou o poeta Carlos Drummond de Andrade. Itabira iniciava o seu segundo ciclo de exploração mineral. O primeiro — uma característica da maioria das cidades setecentistas de Minas Gerais — foi a fase do extrativismo aurífero.
A reserva de minério de ferro colocou Itabira no mais elevado patamar da economia brasileira. Alguns cidadãos itabiranos, porém, receberam a “boa-nova” com ceticismo e fizeram a preocupante ressalva, que ecoou nas décadas seguintes: “ o minério não dá duas safras”. O alerta passou a assombrar as noites mal dormidas dos itabiranos.
Até que, em 1989, a CVRD avisou claramente ao distinto público: “em 2025, colocaremos um ponto final nas atividades extrativas da terra do Poeta Maior”. É o fim. Este foi o tão temível (embora esperado) anúncio oficial. A mineradora tinha data exata e hora precisa para encerrar as suas atividades. A notícia, de fato, despencou como uma bomba. De imediato, o poder público, entidades representativas da sociedade e personagens diversas se movimentaram em busca de uma alternativa prática para as consequências do pós-minas. A Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Agropecuária de Itabira (Acita) assumiu a liderança do movimento. O futuro estava em xeque-mate. O que fazer sem a Vale? Esta incerteza foi o embrião do projeto Itabira 2025, um complexo (e completo) mecanismo que apostava principalmente na diversificação econômica do município.
Dois dos principais articuladores da inciativa — Priscila Martins e Silvério Bragança — compareceram ao programa “Sala de Visitas” da TV DeFato e revelaram detalhes de uma das mais importantes atitudes sociais da história da cidade. Uma pergunta, neste momento, provoca intensa reflexão: e se as minas realmente tivessem se exaurido em 2025? O que seria de Itabira nos dias de hoje? Como ficaria sem a Vale? Confira as respostas de Silvério e Priscila para essas perturbadoras indagações: