Nesta segunda-feira (15), Samuel Rosa, ex-vocalista da banda mineira Skank, celebra mais um aniversário, completando 58 anos. Mas quem ganhou o presente, de maneira antecipada, foi Itabira — que assistiu a uma grande apresentação do artista, agora em carreira solo, na noite de sábado (13), pelo 50º Festival de Inverno. Antes de subir ao palco, o cantor e guitarrista bateu um papo com o portal DeFato Online.
Filho dos itabiranos Susana Rosa de Alvarenga e Wolber de Alvarenga, Samuel Rosa possuí grande relação afetiva com a cidade — inclusive com referências culturais locais que fazem parte da sua construção como artista. “Itabira é de uma tradição cultural imensa. Eu digo isso não só pela minha relação afetiva com a cidade, pois meu pai e minha mãe são daqui. Minha mãe mais precisamente; mas meu pai, eu falava: ‘você é de Santa Maria’. Ele dizia: ‘nem de Santa Maria eu sou, eu nasci no meio do caminho, numa fazenda que chamava Córrego da Laje’. Mas minhas raízes são totalmente itabiranas. Então, por conta disso, eu testemunhei a força cultural de Itabira, que é de longa data — mas não precisa ter parentes aqui pra ver o que acontece [na cultura da cidade]”, afirmou.
“A força do Cometa [Itabirano, histórico jornal alternativo da cidade], do [poeta] Carlos Drummond [de Andrade], tantos artistas e a efervescência cultural da cidade, enfim. É bom estar aqui hoje [sábado], mais uma vez, pois já estive com o Skank e até me apresentando em outras circunstâncias com a banda que eu tinha, a Pouso Alto, e também em um encontro de inverno, não sei exatamente o que era, com o Lô Borges, lá no Centro Cultural, e poder mais uma vez participar desse movimento cultural da cidade“, completou.
Samuel Rosa também comentou sobre o repertório escolhido para a apresentação no 50º Festival de Inverno de Itabira, em que misturou sucessos da sua antiga banda Skank, gravações feitas com grandes nomes da música nacional — como Lô Borges, Ira!, Paralamas do Sucesso e Titãs — e das músicas de estreia da sua carreira solo, que já conta com o álbum “Rosa”, lançado recentemente, em 27 de junho deste ano.
“A gente começa agora a experimentar um pouco essas músicas novas. Depois do último show do Skank, no Mineirão [em Belo Horizonte], eu segui fazendo alguns shows, num circuito um pouco paralelo, esperando esse momento para abrir mais para casas com bilheteria, eventos maiores, que é o caso do Festival de Inverno de Itabira, e eu segui tocando as coisas do Skank, coisas que eu compus. As pessoas não esperariam menos do que isso, ou nada diferente disso, até que chegasse também meu disco de inéditas”, contou.
“E que chegou agora e eu já estou incorporando algumas músicas do disco novo nesse show, além de tocar músicas que eu não tocava no Skank, mas que eu me sinto meio dono também, porque eu interpretei e lancei canções com outros artistas, é o caso de “Tarde Vazia” do Ira!; “Lourinho Bombril”, que eu gravei com os Paralamas [do Sucesso] e Titãs; vez ou outra eu toco “Girassol da Cor do Seu Cabelo”, que eu gravei com o Lô [Borges], então eu tenho feito esse o show, que é meio híbrido”, prosseguiu.
Sobre a experiência que vem vivendo com a carreira solo, Samuel Rosa destacou que “é um pouco diferente”. “Eu tinha total convicção de que meu ciclo no Skank já tinha se cumprido. Não foi pouco tempo, foram 30 anos! O Skank meio que era uma exceção à regra, porque fora os Paralamas [do Sucesso], eu não me lembro de uma banda que tenha durado tanto tempo com a mesma formação, em plena atividade, e eu acho que o ciclo já tinha se cumprido, acho que a força criativa da banda esmoreceu ao longo desse tempo”, avaliou.
“Eu acho que é muito difícil uma banda manter a força criativa, defender suas músicas no palco não é lá uma coisa tão complicada, como diz o Sting, ‘a banda é mero veículo pra música, a música é a coisa mais importante’. A música eu posso defender sozinho, o ‘Zé da Esquina’ pode tocar, um outro grande artista pode tocar, não justifica a existência de uma banda se for só pra ficar repetindo aquelas músicas que ela lançou, e eu entendi que o Skank estava num momento criativo que já tinha dado — e aquele grupo, aquela equipe deu muito, acima da média”, acrescentou Samuel Rosa.
Por fim, o cantor e guitarrista falou brevemente sobre o seu novo álbum, o “Rosa”, assim como o desafio de construir esse novo momento em sua carreira: “Eu achava que em um outro ambiente eu poderia criar de outra forma, tocar de outro jeito, e foi o que aconteceu. No ‘Rosa’ eu consegui compor bastante coisa, lançamos dez músicas, então é um momento novo. Eu não tenho mais aquele guarda-chuva de proteção do Skank, mas, enfim, tenho minha bagagem, meu patrimônio musical, que trago comigo no show, e tem sido bem divertido caminhar sozinho”.