Acredito, com certeza e fé, que haverá em breve um Juízo Final de Itabira (JFI) para assuntos materiais na pauta desses dias. Depois, o Juízo Final da Bíblia. Nesse não me envolvo. No JFI já me apoderei da vaga de “jurado”.
O acerto de contas, individual e coletivo, provocará tremura na terra de Drummond como as amedrontadoras “dinamitagens”. Não será preciso esperar um holocausto, ou transbordamento de oceanos ou de rios. Nem um relâmpago de alta tensão, seguido de um trovão de bombo participam dessa jogada. Os traidores serão conhecidos e pagarão por seus crimes.
Sei que muitos estão rindo na minha cara, ou longe dela, e me chamando de avesso de Nostradamus, ou seja, falso profeta. Não desisto e vou mostrar como será o Juízo Final Itabirano (JFI), individual ou coletivamente. Citarei outros casos de covardias históricas contra Itabira.
Cem anos da Vale
O JFI será realizado, infalivelmente, em junho de 2042, faça chuva ou faça sol. Isto é, quando se completar exatos cem anos de criação da velha Companhia Vale do Rio Doce e um ano após a retirada da mineradora das áreas do quadrilátero ferrífero, ou Sistema Sul. É preciso repetir sempre que estamos na contramão das providências para 2041.
Passos históricos
Vamos deixar de lado o presidente da Câmara Municipal, ou prefeito de Itabira, de meados do século XIX, Antônio Alves de Araújo, conhecido centenariamente como Tutu Caramujo, ou um sujeito pessimista mas inteligente. “Só, na porta da venda, Tutu Caramujo cisma na derrota incomparável” — esse trecho do poema “Itabira”, salva Caramujo e Drummond. Em tempo: tivemos aeroporto funcionando, depois estrada de ferro, tipo Porto Seco, além da promessa de Parque Tecnológico, que conheci na França, modelo da Unifei, atendendo sugestão do então reitor geral.
Depois de Caramujo (o bicho de verdade continua dando sopa em Itabira), vieram a Itabira Iron Ore Company; forjas de ferro e fábricas de tecidos; Clodomiro de Oliveira mostrando os antecedentes do minério de ferro; os sonhos da Vatu; Dr. Pedro Guerra sustentando a CVRD; “Campanha de Itabira” liderada por José Hindemburgo Gonçalves pró instalação da sede da Vale em Itabira; pesadelo com a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) tomando o direito de viver de Itabira; tentativas de erguer dois distritos industriais; prefeito e deputado Li Guerra na Justiça pela justiça da dívida ambiental (ações estão na Bolsa de Valores dos EUA); alertas emitidos pelas Três Marias em várias publicações científicas; anúncios abortados várias vezes sobre a construção de usinas de pelotização; participação de Paulo Roberto Haddad em iniciativas que acabaram goradas.
Instituto Agronômico de Itabira
No meio de toda essa controvérsia econômica, surge o nome de um cidadão, Domingos Martins Guerra, idealizador da Escola Agrícola Vale do Piracicaba, seu diretor e professor. Segundo Jorge Florentino Botelho em artigo de mestrado apresentado ao Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), em 2009, a solução estava na agricultura. O título é: “A formação do trabalhador do campo em Minas Gerais: o Instituto Agronômico de Itabira (1880-1898)”.
Para Jorge Florentino Botelho, “o Instituto Agronômico teve vida curta: apenas quatro anos de funcionamento. Na primeira e única formatura, concluíram o curso dois engenheiros. O governo dispensou os funcionários e encerrou definitivamente o ensino teórico de agricultura em Itabira”. Omissos na história itabirana transbordam por aí.
Unifei Campus Itabira
Neste capítulo em que nos encontramos, a Universidade Federal de Itajubá (Unifei) está sendo renegada, seguindo a inspiração negativa do Instituto Agronômico. Ela tem cerca de dois mil alunos, nove cursos e várias opções de crescimento. O prefeito atual de Itabira a acolheu, tanto na campanha eleitoral quanto nos primeiros 24 meses de seu governo. Como prova, ele mesmo alega ter feito um aporte de R$ 40 milhões ao projeto, fato que assegura ser legal e do interesse da comunidade o contrato firmado entre Prefeitura, Vale e Governo Federal. Seguindo o costume antigo do caminho da escola federal que acabou fechada, o chefe do executivo de Itabira acredita que o povo aceitará o fim da Unifei.
Forca e Fogueira
Dependendo de como seguirá o tema levado a público, o acendimento da fogueira e a construção de uma forca para os irresponsáveis desta história, poderão ser antecipados. A sentença deverá mesmo sair até 31 de dezembro deste ano. O povo vai aderir em massa.
Os principais réus itabiranos serão escolhidos por uma equipe competente e seus nomes irão para conhecimento público. A forca será montada na Praça do Centenário, em frente ao Museu de Itabira, lembrando que os nomes em negativo também receberão estatuetas como acontece no Festival de Cinema de Cannes (França).
A fogueira, para evitar incêndio mais alastrado, será armada no Parque de Exposições Virgílio José Gazire, local preferido das festanças que engolem a consciência itabirana.
Nota ao pé da página
Nesta coluna, “enforcar” e “queimar” são soluções citadas como figuras de sintaxe. Na prática, os termos significam enforcar e queimar os votos dos omissos.