Neste sábado (8), que marca a celebração do Dia Internacional das Mulheres, a jornalista Sara Zeferino recebeu uma homenagem do estádio Mineirão, em Belo Horizonte. Repórter da equipe DeFato, ela é uma das narradoras que tiveram seus bordões estampados nas paredes da zona mista do gigante da Pampulha.
Sara é formada em Jornalismo pela PUC Minas e atua na área da Comunicação Social há três anos e meio. Ela demonstra felicidade por receber a homenagem justamente no 8 de março. “É muito legal ver um estádio dessa dimensão, relevante no cenário de Minas e do BRasil, dar esse espaço também para as mulheres”, comenta.
Ela aponta que algumas das suas principais referências nas profissão são mulheres do jornalismo esportivo. É o caso da comentarista Ana Thais Matos e das locutoras Renata Silveira, Renata Mendonça e Isabelly Morais. Em dezembro de 2024, Sara recebeu outra homenagem, do Prêmio do Esporte Mineiro.
A narração em sua vida
Além de integrar a equipe DeFato, Sara também atua como narradora na TV Horizonte, de Belo Horizonte. Ela conta que a narração esportiva surgiu como uma possibilidade de atuação quando estava na Rádio Inconfidência, por influência de Henrique Toscano: “No começo eu nem me imagina como narradora, mas ele me deu a confiança e o espaço que eu precisava”.
Sara comenta que foi nesse momento em que ela “tomou gosto” pela narração. Há dois anos e meio ela atua no jornalismo esportivo. “O que nós queremos é o nosso espaço, porque competência temos de sobra”, comenta Sara, reforçando a sua crença na capacidade das jornalistas esportivas e sua reivindicação coletiva por igualdade. Ela também aponta os seus sonhos profissionais: narrar as finais de grandes competições do futebol brasileiro. “E, mais lá para frente, quem sabe, narrar uma Copa do Mundo”.
A construção da igualdade de gênero
Neste Dia Internacional da Mulher, Sara dedica um momento para refletir sobre a realidade da profissão para ela e suas colegas. “Ainda existe muita resistência à presença das mulheres no jornalismo esportivo”, ela reforça, apontando que essa resistência se mostra tanto nas experiências de narradoras, como ela, mas também de comentaristas, repórteres e atletas.
“Infelizmente é um problema estrutural”, ela analisa, fazendo alusão à desigualdade de gênero que é presente na sociedade brasileira e ocidental, no geral. “Mas acredito que dar espaço às mulheres no jornalismo esportivo possa quebrar isso aos poucos”, ela pondera.
De acordo com o IBGE, a desigualdade se mostra, por exemplo, na disparidade salarial e na representação política das mulheres brasileiras. Apesar de serem a maioria da população, recebem, em média 79% dos salários dos homens e ainda exercem jornadas duplas ou triplas de trabalho doméstico e funções maternas.
Atualmente, as mulheres são a maioria entre estudantes no Brasil e 21,3% possuem ensino superior completo. Ainda assim, em 2024 o Brasil foi o quarto pior país em índices de escolaridade feminina no mundo, de acordo com a OCDE.