Vou contar uma história de campanha eleitoral de que fui testemunha ocular, presencial, incontestável. Peço licença para não citar nem quando, nem se houve culpado, nem quais eram os candidatos a prefeito. Quando tomei conhecimento do que estava ocorrendo, fui lá presenciar e concluí da seguinte forma: a eleição está ganhada, decidida, vencida.
O esquema era o seguinte: todos os eleitores da periferia e da zona rural foram transportados em ônibus levados a um local, a Prefeitura, despejados no fundo, recebidos por moças bem-vestidas e bem maquiadas, com carinho e atenção. Os cidadãos abocanhavam lanches como queriam, acompanhados de sucos de vários sabores. Recebiam uma “marmita” para votar, de prefeito a vereador, vales para um carro pequeno levá-los à sua seção eleitoral e devolvê-los ao ônibus, de onde foram reembarcados para os seus bairros.
Diria qualquer “especialista” em eleição e boca de urna que a vitória de qualquer candidato estava garantida, considerando-se que 65% (cálculo por baixo dos coordenadores) passaram pelo “curral da prefeitura”. O estábulo funcionou a contento e arrancou entusiasmo de quase todos os envolvidos na mutreta eleitoral. A fiscalização promocional da “arapuca” deu também este parecer: “Não houve falha, todos andaram de ônibus (ida e volta), de carro pequeno, lancharam, sorriram e, aí, sacramentaram o voto”.
Inacreditavelmente e com a permissão da lei, deu zebra. Ou seja, o candidato que seria eleito, quase inapelavelmente, perdeu a parada e, mais incrivelmente, de favorito caiu para o terceiro lugar. Não houve nenhum cidadão que pudesse justificar, ocorreu o inverso do planejado, o cálculo feito no bico do lápis e na máquina calculadora. Todos os títulos eleitorais foram revistados antes e depois da votação.
Ainda teve um dos organizadores que ousou dizer: “Fomos traídos” e acrescentou: “Não por um, nem dois, nem três pessoas, mas por uma tropa de espertos”. Presente na discussão Dona Maria de Tal, disse ela que foi a uma tenda espírita e constatou ter havido votação comandada pelo “baixo astral” com tantos exus quantos foram os votantes. O candidato X não enviou a sua representação ao terreiro na antevéspera e a boiada contrária provocou o estouro do voto.
Essa passagem eleitoral em Itabira ocorreu e quem está por dentro vai recordar. Infelizmente não posso, por enquanto, dar nomes aos bois. O sigilo é devido ao respeito. A lembrança é um alerta para que na próxima eleição tal procedimento não se repita, considerando a incrível sede de poder e a fome de mamar nas tetas públicas existentes atualmente em Itabira.
Naquele tempo quase tudo era permitido. Hoje só os caras-de-pau e chifrudos cometem esse absurdo. A advertência é para os atrevidos que pensam assim: “Se perdermos seremos sapecados no fogo do inferno”.
Torço pelo sucesso dos incineradores infernais.