João Pedro Stédile, um dos líderes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), cobra mais agilidade do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no cumprimento de promessas de campanha. Para Stédile, Lula está muito lento e medroso para tomar decisões sobre as promessas feitas para o campo social, ainda em campanha.
“Na política interna, o governo está muito lerdo, lento. Me atrevo dizer, em algumas áreas, até medroso. Até agora nenhuma família foi assentada. Lula não apresentou até o momento nenhuma medida para resolver o problema do movimento”, disse Stédile.
O dirigente do MST reclama que “para um governo nosso, seis meses é muito tempo para não ter nenhuma solução objetiva. As famílias da nossa base não querem saber se o MST é amigo do Lula ou não, mas quando vão resolver o problema da terra”. Stédile também reclamou da palavra “invasão”, utilizada pelo presidente em recente evento. “O MST não utiliza dessa prática”, argumentou.
Stédile está na mira da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apura ações de invasão a propriedades praticada pelo movimento. Para Stédile, a CPI ganhou força porque o governo Lula “comeu bola” no Congresso.
Parlamentares que compõem a comissão visitaram algumas propriedades invadidas pelo MST na região oeste de São Paulo, como Presidente Prudente, Rosana e Sandovalina, e filmaram as condições degradantes das pessoas que vivem nos acampamentos. Na ocasião, também entrevistaram pessoas que alegam terem sido enganadas com promessa de terras e encontraram barracões para doutrinação ideológica.
A visita dos parlamentares foi acompanhada pelo Polícia Civil paulista, que afirma haver um “modus operandi para invadir e estruturar” as terras em curto espaço de tempo, mesmo distantes.
Segundo relatório da visita, são elementos claros que atestam o uso de pessoas em condições de extrema pobreza como massa de manobra política. “Foi observada a condição degradante dos invasores em termos de direitos humanos, possivelmente em condição muito pior do que aquelas em que são encontrados trabalhadores em situação análoga à escravidão”, diz trecho do texto.
O relator da CPI que acontece no Congresso, deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), observou no relatório que “muitos barracos estão desocupados, usados apenas como marcos. Também chamou a atenção a presença de carros com placas de vários estados, com Mato Grosso do Sul e Paraná, e nenhum deles pertencia aos sem-terra presentes no local. Também não foi identificado um líder”.